O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou nesta segunda-feira (20) o novo “Mais Médicos” que prevê a abertura de 15 mil vagas no programa que foi marca do governo petista em 2013 durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff. O objetivo é ampliar o acesso da população ao atendimento médico na atenção primária, porta de entrada do SUS (Sistema Único de Saúde), principalmente nas regiões de extrema pobreza e de vazios assistenciais. Na avaliação do presidente, é uma política que atende a população, os médicos e também os prefeitos de cidades no interior do País.
Enquanto Lula relançava o programa em Brasília, a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim do Sol, zona oeste de Londrina, vivia mais uma segunda-feira lotada com pacientes e acompanhantes que aguardavam horas para passar pela triagem.
A paciente Sandra Aparecida da Silva procurou o atendimento na UPA depois de ficar internada por quase 50 dias em um hospital da cidade. A queixa era de dores no peito e a triagem demorou cerca de quatro horas para ser realizada. “Uma outra paciente desmaiou enquanto esperava ao meu lado. Minha acompanhante ficou com ela por quase uma hora até que ela foi levada para dentro para ser atendida”, contou.
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Marcos Roberto Ribeiro disse que chegou por volta das 9h da manhã em busca de atendimento da mulher com suspeita de dengue. No entanto, de acordo com ele, a mulher só foi atendida por volta das 16h e estava no interior da unidade sem previsão de ser liberada.
Procurado pela reportagem, o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, não respondeu aos pedidos de entrevistas. A justificativa da assessoria de imprensa da Prefeitura de Londrina é que a demanda de atendimento nas segundas-feiras é maior, mas a escala de médicos estava completa com seis profissionais por período.
Supervisor do “Mais Médicos” em Londrina, o ex-presidente do PT municipal, entre 2017 e 2020, Odarlone Orente afirma que a retomada do programa por Lula deve beneficiar todo o sistema de saúde. Na avaliação dele, o reforço no atendimento primário com equipes médicas nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) também colabora com o atendimento secundário nas UPAs, pois cerca de 70% da demanda pode passar pela triagem na porta de entrada do SUS.
“A primeira experiência foi positiva, pois a população passou a ter acesso ao atendimento médico como clínico geral, acompanhamento do pré-natal, com queda da mortalidade infantil, vacinação e outros atendimentos como, saúde da mulher e preventivo. O acolhimento é importante, pois a saúde primária não é para emergência, mas para que o médico tenha conhecimento do local e uma relação mais próxima com os pacientes da comunidade. Isso também gera economia no atendimento secundário e terciário”, avalia Orente.
O supervisor, que trabalha na orientação de acadêmicas de grupos com até 10 profissionais, afirma que houve uma tentativa de desmonte do programa pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após impasse com os médicos cubanos, que resultou a partir de 2019 com a diminuição de editais e também com os cortes nas vagas de supervisores. “Apesar disso, o Mais Médicos se consolidou por conta dos bons indicadores da Saúde e pela presença médica tão necessária, principalmente em cidades menores. Agora, a expectativa é pela reabertura de editais, alocação dos profissionais e supervisores para que os indicadores apontem para uma melhor assistência na saúde e qualidade de vida da população”, comentou.
Questionado sobre a presença de médicos estrangeiros, Orente respondeu que existe uma hierarquia no programa para que as vagas sejam ocupadas por médicos brasileiros formados no País, depois por profissionais brasileiros que concluíram os estudos fora do Brasil e, por último, as vagas remanescentes são abertas para estrangeiros, critério que já existia na primeira fase do programa.
“A diferença é que existe um maior número de médicos formados no País em relação há 10 anos. Por isso, acredito que nesta nova etapa a maioria das vagas será preenchida por profissionais brasileiros”, opinou. Outro ponto favorável seria o contrato de 4 anos, renováveis por mais 4 anos, que além de maior estabilidade aos médicos, também pode beneficiar as prefeituras municipais com a queda de rotatividade dos profissionais, que passariam a ter um vínculo mais extenso com a comunidade local.