Ronaldo Zonta, médico de família e comunidade, membro da SBMFC, desmistifica a H1N1 com as principais dúvidas da população. "Atitudes simples como hábitos saudáveis, evitar lugares fechados e aglomerados, lavar e higienizar as mãos e manter a hidratação com água, são medidas que previnem e tratam a H1N1", explica Zonta.
O vírus da gripe comum é o mesmo da H1N1. Mito. O vírus da gripe, influenza, não se manifesta apenas no nariz e garganta e sim em toda a árvore respiratória - na traqueia, brônquios e eventualmente nos pulmões. Portanto, trata-se de uma doença de maior extensão e intensidade, sobretudo para as pessoas debilitadas. Quem morre de gripe são pessoas que apresentam algum tipo de debilidade, como pessoas que: são malnutridas, vivem em condições de vida precárias e pobres, são alcoolistas pesadas, têm doenças como HIV ou diabetes, mas não fazem o tratamento correto, tem câncer, estão fazendo quimioterapia, são muito idosas e frágeis, tem algum problema de nascimento no pulmão ou outra doença genética, crianças menores de três meses ou recém-nascidas, pessoas que vivem em asilos ou instituições de saúde.
Os sintomas da gripe e do resfriado são diferentes. Verdade. O resfriado comum geralmente apresenta-se com coriza (secreção nasal), nariz entupido e espirros, além da febre baixa (em torno de 37-38ºC), dor ou irritação de garganta que arranha ou arde um pouco, tosse, dores de cabeça e ouvido, rouquidão, perda de apetite, irritação nos olhos, mal-estar ou outros sintomas que duram em média de três a sete dias. Já a gripe inicia-se com febre alta (ultrapassa 38,5º), calafrios, seguida de dor muscular/articular, dores de garganta e cabeça, fadiga/indisposição, nariz entupido, espirros e tosse. A gripe deixa a pessoa de cama com dores no corpo, popularmente descritas como quebradeira, sensação de mal-estar muito intensa, cabeça leve. Os sintomas da gripe são mais intensos enquanto que os sintomas do resfriado são mais leves e tem uma menor duração.
A melhor prevenção para a gripe e outras doenças é manter-se saudável. Verdade. Ter hábitos saudáveis, como uma alimentação que inclua diariamente frutas e verduras e evitar os excessos alimentares como consumo de açúcar. Manter-se hidratado, ao consumir água ou sucos naturais. Buscar cultivar sono de qualidade e boas relações familiares e com amigos também contribuem para uma melhor saúde global. Consumir moderadamente álcool. Evitar, parar ou diminuir o cigarro e outras drogas, incluindo excesso de consumo de remédios como analgésicos, xaropes, vitaminas sem qualquer necessidade. Se tiver alguma doença como diabetes, mantê-la bem controlada.
Evitar ambientes fechados com muitas pessoas evita a contaminação da H1N1. Verdade. Começou a tossir e a garganta está arranhando: não vá ao pronto-socorro. Nesses casos, recorrer ao pronto-socorro pode expor a pessoa ao vírus da gripe ao ficar por horas numa sala de espera cheia de pessoas doentes. O que era um resfriado pode se tornar uma gripe. Se estiver realmente gripado, ou seja, não for um resfriado e sim uma gripe, recomenda-se que a pessoa infectada evite contato próximo com outras pessoas e fique longe do trabalho ou escola até se sentir melhor, o que deve ocorrer em cerca de três a cinco dias. O período mais contagioso, iniciado quando os sintomas aparecem, pode durar até sete dias - crianças e pessoas com baixa imunidade podem precisar de uma folga ainda maior, já que nelas o vírus permanece ativo por mais tempo. Ou seja: não dá para mascarar os sintomas com antitérmico e mandar os filhos para a escola.
Ações como lavar e higienizar as mãos são atos preventivos. Verdade.
Lave bem as mãos ou higienize-as com álcool gel ao compartilhar utensílios e equipamentos públicos (comércio, bares e restaurantes, aeroporto, terminais, igrejas e todos os lugares com grande circulação de pessoas). Proteja a boca ao tossir - use o antebraço ou lenços de papel descartáveis ao tossir e espirrar; se usar as mãos para tapar a tosse, espirro e limpar o nariz, lave-as para não espalhar o vírus. Não se recomenda o uso de máscaras. Máscaras feitas de feltro e tecido têm vida útil de quinze minutos. Depois disso, elas já não têm mais eficácia. Ficam úmidas com a respiração e os poros do material vão abrindo. É como se não estivesse usando uma.
Não existem remédios para tratar a gripe e/ou resfriados. Verdade. A medicação é somente para aliviar os sintomas. Remédios apenas diminuem de sete para seis dias em média os sintomas da gripe e somente se iniciados em até 48 horas do início dos sintomas. Gripes, resfriados e dores de garganta são doenças autolimitadas, na maioria dos casos basta o tratamento de suporte (com analgésicos, antitérmicos), repouso e hidratação. Antibióticos não funcionam para tratar a gripe e são prescritos somente nos casos de eventuais complicações como infecções bacterianas.
Medidas simples podem aliviar os sintomas do H1N1 e demais vírus. Verdade. Hidrate-se com água e sucos naturais ricos em vitamina C (laranja, goiaba, acerola). Não há necessidade e não há evidência que funcione tomar vitamina C em comprimidos. Evite anti-inflamatórios, pois apesar de aliviarem a dor quando mais intensa podem causar efeitos colaterais. Reserve esses remédios se os sintomas de dor forem muito intensos.
Utilizar descongestionante nasal e xaropes auxiliam no tratamento. Mito. Para o nariz entupido e coriza, use soro fisiológico nas narinas várias vezes ao dia ou solução caseira para o nariz com meia colher de chá de sal em um copo de água morna. Não use descongestionantes nasais contendo fenoxazolina/nafazolina/oximetazolina, pois podem causar complicações. Evite remédios, xaropes ou similares para gripe que contenham substâncias como pseudoefedrina / efedrina / cafeína, pois podem causar complicações graves principalmente em pessoas com pressão alta.
A vacina contra a H1N1 é necessária. Mito. A vacina contra o H1N1 é relativamente nova e tem poucos estudos. Ainda há poucas evidências de que a vacinação contra a gripe realmente proteja o indivíduo de complicações da gripe, ou reduza mortes por gripe. Portanto, se é você é uma pessoa saudável, sem outras doenças ou problemas de saúde crônicos não é necessário tomar a vacina. Há melhor evidência embora não definitiva para grupos como populações vulneráveis e com doenças crônicas especialmente respiratórias como asma. A decisão de tomar ou dar a vacina para adultos saudáveis é pessoal e não médica ou científica. Qualquer dúvida consulte seu médico de família.
Redação Bonde com Assessoria de Imprensa