O fígado é um órgão responsável por inúmeras funções essenciais à vida. O principal agente agressor do fígado e mais comumente utilizado é a bebida alcoólica. Ainda que em pequenas quantidades, se ingerida de maneira contínua, podem-se observar alterações em exames de laboratório, indicando que o fígado já está sofrendo, mesmo sem a pessoa ter sintoma algum. Quantidades de álcool acima de 20 g ao dia para mulheres e 30 g para homens já são suficientes para alterações inflamatórias no fígado, e se a ingestão for o dobro desta quantidade, aumenta-se significativamente o risco de evolução para cirrose hepática, se ingerido continuamente num período aproximado de 12 anos. De maneira prática, 10g de álcool corresponde a cerca de 170 ml de cerveja, 85 ml de vinho e 25ml de destilados.
A prática da abstinência alcoólica significa fígado saudável. Outra maneira de proteger o fígado é evitar o uso de medicamentos que têm como efeito colateral agressão hepática, e se necessários, utilizá-los somente sob orientação médica. São muitos os medicamentos que podem agredir o fígado: antiinflamatórios (diclofenaco), antifúngicos (fluconazol, cetoconazol), alguns antibióticos (tetraciclina, rifampicina), antidepressivos (fluoxetina e paroxetina), hormônios, entre outros. Na maioria das vezes são alterações sem gravidade, que regridem com a suspensão da medicação.
Nos exames periódicos, o fígado também deve ser lembrado e alguns exames devem ser solicitados. E surgindo alterações, uma investigação mais detalhada deverá ser realizada.
Sabe-se que elevação no colesterol e triglicerídeos, diabetes não controlado, e estar acima do peso ideal são condições que podem levar a uma situação chamada de esteato-hepatite, que é uma infiltração de gordura no fígado. A este quadro junta-se uma inflamação (que é detectada em exames de sangue), na maioria das vezes sem apresentar sintomas, que em até 5% dos casos pode evoluir para cirrose (mesmo em pessoas que não consomem bebida alcoólica). Portanto, vida saudável, alimentação adequada, atividade física e peso ideal fazem bem também para o fígado.
Pedro Humberto Perin Leite, gastroenterologista e especialista em hepatologia