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Por que alguns tipos de dor causam prazer?

Redação Bonde
28 nov 2015 às 08:18
- Divulgação
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O adversário era conhecido pela ferocidade com que poderia causar convulsões, ataques cardíacos e mesmo a morte. Mas Jason McNabb parecia extremamente calmo quanto entrou no ringue. Soou o gongo e seu ataque foi rápido e certeiro, em meio a uma caótica mistura de olhos lacrimejando, lábios inchados e transpiração.

Não era uma luta convencional. McNabb acabara de se tornar o recordista mundial de degustação de pimentas – mais especificamente na categoria dos que mais conseguiam comer, em dois minutos, a variedade Bhut Jolokia. "Parecia que tinha um exame de vespas picando o céu da boca ao mesmo tempo. Foi infernal", contou o dentista norte-americano.

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Narcótico natural

A Bhut Jolokia, também conhecida como "pimenta-fantasma", aparece com mais de 1 milhão de unidades na escala Scoville, criada para medir o quão ardidas são. Significa dizer que ela é mais de 10 vezes mais potente que a malagueta, por exemplo.

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É, assim, uma das pimentas mais potentes do mundo, e uma simples mordida causa extremo desconforto. Sendo assim, porque alguém a comeria conscientemente?

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O senso comum é que o ser humano é programado para fugir da dor e buscar o prazer. Mas a vida real é diferente. Diversas atividades do dia a dia envolvem dores – corridas, tatuagens, piercings e até mesmo variações sadomasoquistas do sexo.


Para McNabb, especificamente, comer pimentas lhe deu prazer, apesar da descrição acima. "A dor foi embora rápido e logo veio uma mistura de adrenalina e euforia", explicou. A ligação entre dor e prazer é biológica. Para começar, toda dor faz com que o sistema nervoso central libere endorfinas – proteínas que agem para bloquear a dor e que funcionam de maneira semelhante à de drogas como a morfina, gerando um sentimento de euforia.

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Tal relacionamento não é novidade alguma para corredores. O exercício intenso libera ácido lático, subproduto da quebra das moléculas de glicose no organismo quando há redução na disponibilidade de oxigênio. O ácido irrita os receptores nervosos nos músculos, que enviam para o cérebro impulsos elétricos como "aviso". Esses sinais são sentidos por nós sob a forma de uma sensação de queimadura nas pernas, o que normalmente faz o corredor reduzir o ritmo ou parar.


Isso até o hipocampo, centro de controle do sistema nervoso, entrar em ação. Essa parte do cérebro, que tem o formato de um cavalo-marinho, responde aos sinais de dor ao comandar a produção de nosso "narcótico natural", a endorfina. E as proteínas se aliam a receptores opioides no cérebro para impedir a liberação de substâncias envolvidas na transmissão dos sinais de dor.

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Mas as endorfinas não apenas bloqueiam a dor: elas também estimulam as regiões límbica e pré-frontal do cérebro – as mesmas ativadas pela paixão e pela música. Drogas como a morfina e a heroína também atuam nos receptores opioides.


As dores do exercício intenso também causam um salto na produção de outro analgésico natural: a anandamida. Conhecido como o "químico da felicidade", o aminoácido se alia a receptores cerebrais para bloquear a dor e induzir as sensações de prazer associadas ao consumo de maconha. A adrenalina, também produzida em resposta à dor, contribui para a excitação através do aumento nos batimentos cardíacos.

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O calor nas pernas é tido como uma forma de desestimular o esforço exagerado, ao mesmo tempo em que o chamado "barato dos corredores" pode ter ajudado nossos ancestrais a suportar longas correrias em caçadas. E o prazer pós-dor pode ser também um mecanismo evolucionário para ajudar os humanos a lidar com as consequências imediatas da dor.


Montanha-russa
Mas porque alguns tipos de dor são piores que outros?
Uma teoria é a do "masoquismo benigno" – a busca da dor com a consciência de que não vai causar sérios danos. Algo que animais não podem fazer.

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Um exemplo disso é a pimenta. Seu ingrediente ativo, a capsaicina, é inofensivo. Mas causa dor porque se associa ao TRPV1, parte de uma família de receptores na língua que são sensíveis à temperatura e alertam o corpo para calores que possam ser nocivos. Ativar o TRPV1 é o mesmo que avisar ao cérebro que sua língua está pegando fogo.

Orgasmo

A mesma teoria explica por que buscamos experiências supostamente desagradáveis, como montanhas-russas ou filmes tristes. "Se um animal andasse em uma montanha-russa, ele jamais voltaria a ela", afirma Rozin.


A ligação entre prazer e sexo não está confinada ao mundo S&M. Um estudo, no qual pesquisadores avaliaram imagens de tomografia computadorizada do cérebro de mulheres enquanto elas se masturbavam, mostrou que mais de 30 áreas do cérebro estavam ativas, incluindo algumas envolvendo a dor.


Outra pesquisa mostrou que mulheres sobreviventes de câncer, que tiveram nervos seccionados para aliviar dores crônicas, perderam a habilidade de ter orgasmos.
Leia também: Contra reprodução de estereótipos, campanha pede proibição de robôs sexuais
Barry Komisaruk, da Universidade Rutgers (EUA), autor do primeiro estudo, diz que há um vínculo fundamental entre dores e orgasmos. "Observamos que expressões faciais durante o orgasmo muitas vezes não podem ser distinguidas de expressões de dor."
Cientistas também observaram que analgésicos afetam emoções: o paracetamol, por exemplo, diminuiu a libido de voluntários que olhavam para imagens "picantes".
Sendo assim, parece que prazer e dor realmente andam de mãos dadas.

(com informações do site BBC)


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