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Conscientização

Estudantes da UEL promovem ato contra o feminicídio após jovens serem assassinados no Jardim Jamaica

Caroline Knup - Especial para o Portal Bonde
06 set 2023 às 12:34
- Caroline Knup
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Estudantes e docentes do CAAC (Centro Acadêmico de Artes Cênicas), da UEL (Universidade Estadual de Londrina), promoveram, na manhã desta quarta-feira (6), um ato contra o feminicídio, que teve como objetivo conscientizar a população sobre o crime.


A manifestação pacífica e silenciosa foi motivada pelo ataque registrado na madrugada deste domingo (3), no Jardim Jamaica, que deixou Julia Beatriz Garbossi Silva, 23, e Daniel Takashi Suzuki Sugahara, 22, mortos por golpes de faca. Além das vítimas fatais, uma estudante de artes cênicas ficou ferida.

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A organização do ato começou às 8h, em frente ao Cine Teatro Ouro Verde, no Calçadão de Londrina, com a confecção de cartazes. "Perseguição é crime! Queremos viver", "Que ser mulher não me custe a vida" e "Feminicídio não é crime passional" foram algumas das frases pintadas pelos participantes.

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- Caroline Knup


Com os cartazes em mãos e reunidos, os estudantes e os docentes iniciaram uma caminhada por todo o Calçadão. O ato atraiu a atenção de pessoas que passavam pelo local, além de comerciantes e funcionários de estabelecimentos.

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"Queremos chamar atenção e conscientizar o máximo de pessoas possível sobre os casos de feminicídio. Os casos são muitos e esse não será o único ato. No dia 13, teremos uma manifestação na UEL junto com a reitora para que a Universidade crie uma política institucional contra a violência de gênero e de apoio às vítimas de assédio, perseguição e outros", explica Sandra Parra, que atua como docente no curso de Artes Cênicas.


A reitora da UEL, profa. dra. Marta Favaro, também esteve presente no ato desta quarta-feira. Segundo Parra, a Universidade tem se mostrado não somente presente em manifestações como esta, mas também agido de forma eficiente, especialmente por meio do Sebec (Serviço de Bem-Estar à Comunidade).

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"Os atos que fazemos servem para mostrarmos para as vítimas que elas podem nos procurar para ter um amparo nesse momento. Estamos batalhando muito pela diversidade na Universidade e essa diversidade está chegando. Assim, a instituição precisa se preparar para atender essa diversidade e tudo que ela traz consigo", defende Parra.


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FEMINICÍDIO

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O Néias - Observatório de Feminicídios de Londrina defende que o crime cometido contra os jovens deve ser julgado como feminicídio - consumado, no caso de Garbossi e Takashi, e tentado no caso da estudante que sobreviveu.


Em uma publicação divulgada nas redes sociais, o Observatório explica que a Lei do Feminicídio (13.104/2015) não é aplicada somente a crimes nos quais há relacionamento íntimo prévio entre vítima e autor, mas a todos os nos quais há menosprezo por uma mulher pelo seu gênero. Para Néias, o crime se adequa à Legislação, uma vez que o acusado agiu motivado pelo sentimento de posse da vítima que sobreviveu ao ataque.

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O Observatório foi responsável, também, por divulgar os esclarecimentos fornecidos pela sobrevivente. A estudante contou que já havia trabalhado com o acusado pelo ataque e que se afastou quando o homem demonstrou ter interesse amoroso. A decisão da vítima não foi respeitada, já que o acusado passou a persegui-la nas redes sociais.


Silvana Mariano, socióloga, integrante do Néias e coordenadora do Lesfem (Laboratório de Estudos de Feminicídio), da UEL, defende que "a primeira hipótese a ser investigada deve ser a de feminicídio, já que o crime se encaixa no que as diretrizes nacionais e o protocolo do Estado do Paraná preconizam".

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"Do que já se conhece publicamente, é feminicídio. A sobrevivente foi vítima de feminicídio tentado e cabe a interpretação de feminicídio por conexão para a vítima fatal feminina. É possível existir vítima de feminicídio por conexão de sexo masculino", explica a socióloga.


Para que crimes de feminicídio por conexão sejam classificados dessa forma, conforme aponta Mariano, a investigação deve esclarecer a dinâmica do crime e apontar se a vítima foi atingida por ataque dirigido à mulher. "Isso pode caracterizar o feminicídio por conexão. Do contrário, essa qualificadora perde efeito."

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Sobrevivente de ataque feminicida em Londrina revela que assassino a perseguia nas redes sociais
A jovem C.M.M., que sobreviveu a um ataque feminicida ocorrido neste domingo (3), no Jardim Jamaica (Zona Oeste), emitiu, por meio do Néias - Observatório de Feminicídios de Londrina, uma nota para evitar a desinformação e as especulações.


SEM JUSTIFICATIVA


Durante o ato desta quarta-feira, diversos participantes demonstraram sua revolta quanto à tentativa de justificar feminicídios. 


"Nesses casos, é muito comum que os acusados apresentem justificativas como problemas psicológicos, falta de medicamentos e perturbação. O acusado pode ter um transtorno psiquiátrico, mas escolheu uma vítima específica. O mesmo acontece quando um homem justifica o ato de agredir a esposa quando está bêbado, por exemplo: ele está bêbado, mas não bate em ninguém no bar, bate na mulher", defende Parra.


REDES DE APOIO


Monitor de Feminicídios no Brasil, elaborado pelo Lesfem, da UEL, aponta que, somente no primeiro semestre de 2023, o Brasil registrou 862 feminicídios. Desse total, 599 foram consumados e 263 foram tentados. 


O Paraná, conforme mostra o relatório, é o terceiro Estado que mais registrou casos de feminicídio no período analisado, com 62 assassinatos. São Paulo e Minas Gerais ocupam as duas primeiras posições no ranking em números absolutos, com 122 e 90 crimes, respectivamente.


Na UEL, estudantes e professores têm se unido para auxiliar as vítimas de violência de gênero. Esse é o caso da Juntes, a Comissão de Prevenção à Violência de Gênero do Ceca (Centro de Educação, Comunicação e Artes).



De acordo com Thais D'Abronzo, que é docente do curso de Artes Cênicas da UEL e integra a Comissão, a Juntes recebe queixas enviadas por vítimas, que podem entrar em contato por e-mail ou pessoalmente com algum membro. 


"Não temos nenhum instrumento jurídico, então fazemos uma mediação. Conversamos com as vítimas e cada caso é único. Em alguns, direcionamos para a Ouvidoria da Universidade para a formalização de uma denúncia. Em outros, trabalhamos com projetos pedagógicos de conscientização, como palestras e rodas de conversa", aponta.


As vítimas de violência de gênero do Ceca que desejarem receber o apoio da Juntes podem entrar em contato pelo e-mail [email protected].


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