A execução de Luis Felipe de Jesus Teixeira Silva, o "Queijinho", completa um ano no próximo dia 5 de fevereiro. Ele foi morto no interior de uma moradia no Assentamento Shekinah, zona norte de Londrina. Para a Polícia Civil, o jovem, na época com 18 anos, foi assassinado a tiros, disparados por um policial militar, que estava fora de serviço na madrugada em que o fato foi registrado.
A motivação do crime seria um desentendimento entre o PM e moradores da comunidade, pois o suspeito, que moraria na região, não suportaria o barulho de festas. O inquérito policial foi concluído pela Delegacia de Homicídios em setembro de 2017 e definiu o crime como homicídio qualificado. O advogado de defesa discorda da versão.
De acordo com o relatório do local de morte, uma das testemunhas encontrava-se em um dos aposentados da moradia. Em depoimento, ela teria contado que viu quando um homem arrombou a porta e atirou contra a vítima, que estava deitada no colchão. Segundo ela, cerca de 10 minutos antes dos disparos, teria ocorrido uma confusão entre moradores do Shekinah e um policial militar, que estava fora do horário de trabalho. Um homem com as mesmas características físicas, porém usando capuz, teria disparado. O PM teria se apresentado na Polícia Militar de Cambé instantes após.
"No local foi possível constatar que eles (disparos) acertaram a sua cabeça. Pelo menos dois tiros. Os disparos foram efetuados à queima-roupa. Porém outras regiões do corpo também podem ter sido atingidas, já que havia muito sangue no local do crime", relatou, na ocasião, o perito do Instituto de Criminalística, Fábio Mira.
O inquérito policial aponta que o suspeito arrombou a porta da casa onde a vítima morava, com chutes, pegando a vítima de surpresa. O assassinato teria ocorrido enquanto Luis Felipe dormia. A investigação considerou o como homicídio qualificado, pois a vítima estava desarmada e não teve chances de defesa. Interrogado, o policial militar negou a autoria, embora teria afirmado que se apresentou na Companhia de Polícia Militar de Cambé.
Defesa
Na última sexta-feira foi realizada em Londrina a audiência de instrução deste caso. O advogado de defesa, Eduardo Zanoncini Mileo, afirmou que não existem provas seguras que aponte o policial militar como autor do homicídio. "Estamos mostrando que essa é uma versão fantasiosa, criada nos autos. Essa versão é criada dentro das circunstâncias", ressalta. Para ele, a presença do policial militar como morador da região atrapalharia o tráfico de drogas, e que as testemunhas ouvidos no inquérito estariam ligadas ao comércio ilegal de entorpecentes.
Momentos antes do assassinato, de acordo com o advogado, o suspeito teria sido atacado. "Inclusive, no dia dos fatos, ele foi vítima de apedrejamento. O policial militar chama a PM e a leva até o local. Se você olhar os autos, é claríssimo que o policial militar agiu bem. O PM liga para o 190, que abri uma ocorrência para que o policial militar possa sair de casa em segurança com a família dele. Mais tarde houve o homicídio. Em nenhum momento ele cometeu qualquer ilegalidade", explica o advogado.
"O 'Queijinho' foi executado pelo tráfico de drogas da região. Isto é seguro. A investigação não abriu nenhuma outra linha de raciocínio. Apenas e então somente ouviu o tráfico, que orquestrou uma versão completamente falsa contra o meu cliente", avalia o defensor, acrescentando que o cliente permanece detido. "Ele está preso preventivamente. Mas tenho segurança que, ouvida as testemunhas, será desmascarada toda essa farsa montada contra ele, logo, logo ele estará em liberdade".
O blog procurou a Delegacia de Homicídios, mas não obteve retorno.