Entre tantas coisas diferentes entre o Brasil e o Japão acredito que a maior, ou talvez um dos maiores, é a diferença educacional. Por aqui os professores vão à casa dos alunos conversarem com os pais, para conhecê-los e ter uma idéia de como vivem. De tempos em tempos todos os pais são chamados para uma conversa individual com os professores e isso se repete até o término do colegial. Na semana passada fui ter um encontro desses com os professores dos meus filhos. Tive que tirar dois dias do meu trabalho porque eles estudam em escolas diferentes. Os "mestres" me disseram onde os meninos precisam melhorar, elogiaram seus comportamentos e participações, falaram sobre a sociabilização com os demais colegas e perguntaram sobre as minhas dúvidas.
Eu, particularmente, acho que aqui tudo é muito regrado. Poderia haver mais liberdade, mais festinhas para entrosar as diversas classes, campeonatos esportivos internos, etc. Talvez esse pensamento seja resquício do meu tempo de escola, onde ainda haviam muitas brincadeiras sadias, jogos, música, banda, etc.
Desta vez, o que me impressionou foi a dedicação desses profissionais. Sinto que apesar das diferenças culturais, eles querem realmente que os meninos se tornem cidadãos de verdade. Se necessário for, ficam até tarde na escola preparando suas aulas, analisando as provas, buscando soluções.
Logicamente a pressão por bom desempenho é grande, principalmente por parte de alguns pais que querem por que querem que seus filhos sejam os melhores. A competição por desempenho é uma coisa cultural. Eu acho tudo isso um pouco exagerado. Mas enfim...
Lí recentemente que Tiririca pode ser analfabeto e confesso que fiquei um pouco chocado. Faz tempo que não ouvia essa palavra. Foi quando me dei conta das diferenças de educação entre onde moro e onde nasci.
Cresci ouvindo sobre os investimentos em edudcação, na luta para erradicar o analfabetismo, a criação do Mobral e tantas outras iniciativas. Até havia esquecido que ainda existem pessoas marginalizadas da sociedade por não saber ler, escrever, interpretar, questionar. Quando comecei a pensar sobre isso confesso que fiquei com um nó na garganta e lembrei que minha formação também é de professor. De esportes, mas professor.
Será que o Brasil tem jeito?
Conheça uma escola pública com Serginho Groissman