Hoje é o último dia das férias de verão para os alunos japoneses. Para alguns foram quase trinta dias de muito sol, chuvas torrenciais, praias, piscinas e passeios.
As férias por aqui são um pouco diferentes porque as crianças vão à escola neste período para outras atividades que não somente estudar. Como a maioria delas participa de algum grupo extracurricular (esportes, ciências, música, artes) parece que ninguém saiu para descansar.
Logicamente que eles dão alguns dias para que a molecada fique com a família, façam viagens ou visitem parentes.
Este ano ficamos apenas em casa. Isso significa que não pudemos sair de Kyoto e redondezas. O maior descansou apenas três dias, os outros foram para os treinos e jogos amistosos de voleibol da seleção do seu colégio e para as aulas de gramática e conversação em inglês. O menor também não teve descanso dos treinos de vôlei, natação e tênis. As aulas de piano não pararam, nem as de inglês. Resumindo, ficamos todos de casa com os seus respectivos afazeres. No pouco tempo que sobrou demos um pulinho nos templos arredores, só para não ficar na frente da TV e tentar sair da rotina.
Desta vez, até por falta de opção, ficamos mais tempo observando tudo e descobrimos uma beleza diferente. Notamos os detalhes das construções, das cores e até dos turistas que freqüentavam os locais. Isso sem falar que passamos um tempinho juntos, em família. Aqui no Japão isso é muito raro.
Fiquei sabendo até que o templo de Kyomizu-dera foi construído no ano de 778, quando Kyoto ainda nem era a capital do Japão, e foram reconstruídas em 1631. Só para lembrar, o Brasil foi descoberto em 1500, por isso, acho que enquanto Kyomizu-dera estava em obras, no Brasil não havia sequer casas de alvenaria. Dá para ter uma idéia da distância que separa os dois países? A reconstrução do templo foi feito de madeira, encaixada de modo que não precisassem de pregos, nem amarras.
Falo desse templo porque para mim ela é, por algum motivo, especial. Lá em cima, depois de uma escadaria brava, você tem uma visão linda, sem falar que o clima de tranqüilidade é contagiante. Como pequena diversão tem umas barras de ferro bem pequenas que de tão pesadas ninguém consegue ergue-las. É uma espécie de desafio para os visitantes. Tem também uma entrada para o subsolo, onde você percorre um curto caminho na mais completa escuridão apalpando nas paredes ou em cordas colocadas estrategicamente para que as pessoas consigam encontrar a saída. Dizem que os samurais treinavam dessa maneira para darem valor à luz e a visão, e também para treinarem a mente caso não enxergassem mais.
Enfim, foram passeios assim, bem simples, perto da nossa casa, onde, se quiser, dá para ir todos os dias. Ficamos sabendo também que o Kyomizu-dera e Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.
Os templos ficarão a partir do próximo mês