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Natalidade despencando

07 mai 2017 às 09:34
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Já escrevi sobre o tema algumas vezes, e hoje volto a repetir. A taxa de natalidade no Japão vem diminuindo há 36 anos e parece não haver muitas coisas à fazer para reverter os resultados.
O governo propaga planos para que os casais tenham mais filhos, incentivam com algumas medidas econômicas, mas parece que nada dá certo.
O impacto de não nascer muitas crianças já começa a atingir a economia, e não são poucas as empresas que estão deixando de expandir seus negócios por falta de mão de obra. Os problemas não são muito visíveis porque ninguém fica contando o número de moleques nas ruas, mas parece que a coisa é tão grave que uma projeção futura sobre o tema é uma das preocupações centrais do atual governo.
Ter filhos por aqui é realmente caro. E se for preciso encontrar um culpado por tudo isso, dou meu palpite dizendo que são os adultos que compõe a sociedade japonesa. São eles que determinam várias regras, e são eles também que aceitam serem explorados por escolas, cursos, e tudo o que envolve a educação da garotada.
As escolas são verdadeiras minas de dinheiro. Tanto as do governo como as particulares exploram como podem os pais (que são adultos), que como cordeiros concordam com tudo o que lhe são impostos. Numa escola particular de custo médio (10 mil dólares anuais), para participar da solenidade de recepção aos novos alunos, os pais precisam pagar a bagatela de aproximadamente 2 mil dólares. Isso para um evento que costuma durar entre duas e três horas. Uniformes, sempre obrigatórios das escolas do governo, chegam a custar mil dólares (calça, paletó, camisa, gravata e sapatos). Os de treinos esportivos é pago separadamente, e se o filho der o azar de escolher jogar beisebol, por exemplo, os pais terão que comprar todos os apetrechos relativos ao beisebol. Uma luva chega a custar 500 dólares. Algum adulto com filhos na escola reclama? Vai até a Secretaria de Educação ver se não pode mudar alguma coisa? Conversa com o diretor da escola para saber se não existe meios para diminuir esses custos?
Não, aqui ninugém reclama de nada, aceita tudo em silêncio, e pronto.
Cursos extracurriculares (inglês, natação, piano, etc.) são ainda mais caro, e de qualidade duvidosa. Mesmo assim, todos os adultos se esfolam de trabalhar para pagar as mensalidades.
Tudo isso, somado ao pouco interesse que meninos e meninas têm um pelo outro, contribui para criar uma sociedade que não valoriza os relacionamentos. É cada um olhando para o seu próprio celular.
Além de caras, as escolas também contribuem para que os japoneses sejam ruins nos relacionamentos. Fazem o que podem para não permitir que alunos e alunas fiquem conversando nos cantos das escolas. É o tal do clube dos bolinhas e das luluzinhas.
Crescendo num ambiente assim é até natural que eles e elas não aprendam a arte do relacionamento, da paquera, dos olhares.
Estimular que casais adultos se envolvam mais para que possam gerar filhos está sendo uma medida ineficaz, já que as coisas deveriam começar onde tudo é caro e vedado.
Parece que querer ter filhos ainda tem a ver com amor, envolvimento e cumplicidade. Virtudes que nem a escola pública e nem a particular estão interessadas em desenvolver. Nesta hora de que adianta ter o trem mais rápido ou a torre mais alta do planeta

Criança na chuva

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