Acho que nunca fiquei tanto tempo sem escrever o blog. A imensa quantidade de trabalho e agora os Jogos Olímpicos, não me tem deixado tempo para nada. Tenho dormido em média apenas 5 horas/dia e estou começando a ficar cansado. Faz três anos que estou nesse rítmo e passei a ter alguns sintomas estranhos. Nos últimos três meses tive duas distensões musculares, enquanto que na minha vida inteira jogando, nadando ou correndo, nem muitas dores musculares eu sentia. Percebo também que perdi massa muscular mesmo fazendo as mesmas séries de musculação na academia. Sinto os quadríceps, bíceps e tríceps mais finos. Não sei se tudo isso tem a ver com esse rítmo frenético a que me impus, mas preciso fazer uma reavaliação.
Meu ganha pão é o esporte e quando chegam as Olimpíadas é o momento de enriquecer e adquirir experiência. Acompanho tudo desde 1972 em Munique (Alemanha) e chego à Londres com a mesma vontade de ver o que os atletas fazem.
Analisando as Olimpíadas pelo ponto de vista japonês, encontrei algumas coisas interessantes. Não somente pelo desempenho, mas por algumas atitudes sutis dos atletas, dirigentes e públicos.
No momento em que escrevo esse texto, vejo que o Japão conseguiu 24 medalhas dividas em: duas de ouro, 10 de prata e doze de bronze. O público esperava mais medalhas de ouro, principalmente no judô masculino, pois os atletas trouxeram o ouro desde 1988 consecutivamente. Desta vez só vieram prata e bronze. Na ginástica, as esperanças também eram maiores, eles e elas não decepcionaram, mas poderiam voltar com um pouco mais.
Em compensação, fizeram bonito em provas que ninguém esperava como o arco e flecha feminina e o badminton de duplas femininas que travou uma batalha duríssima contra as chinesas mostrando um dos jogos mais bonitos até aqui.
Outro momento marcante foi no hipismo onde um senhor de 71 anos que participa dos jogos de 1968 no México apareceu imponente sobre o seu cavalo. Esse japonês recebeu uma homenagem especial e disse com a elegância de cavaleiro de que a fama repentina é mais pela sua idade do que por suas realizações esportivas.
A cena mais emocionante foi ver a equipe feminina de natação na final dos 400 medley quando ainda nadava a última atleta. Faltando ainda alguns metros, a câmara flagrou a nadadora Terakawa Aya rezando, quase ajoelhada para que a companheira não diminuísse o rítmo. O terceiro lugar não era esperado e uma lágrima mal disfarçada caia dos olhos de Aya.
Outra surpresa foi no medley masculino com a medalha de prata, superando os australianos e ficando atrás apenas dos americanos. Na prova o nadador Kitajima conseguiu sua quarta medalha. Detentor dos títulos nos 200 metros em 2004 e 2008 e nos 100 metros em 2008 em Pequim. O mais "estrelado" atleta da natação japonesa ainda não havia ganhado nada, mas era unânime que a sua liderança e o senso agregador estavam fazendo bem aos demais atletas. Na prova levou a prata, no caráter levou o ouro.
Outras medalhas ainda estão em jogo (luta greco-romana, futebol, vôlei e atletismo), mas o que marca minha alma até esse momento é o reconhecimento por todos os atletas que estão representando o país. Não ouço ninguém falar que fulano falhou, que ciclano não foi bem. São somente elogios numa demonstração de que o pessoal sabe e entende as dificuldades de um atleta profissional. Sabem que eles abdicaram de um monte de coisas, que choram escondidos, que sofrem calados. Medalha de ouro ao povo que entende o verdadeiro sentido do espírito olímpico.
Meu ganha pão é o esporte e quando chegam as Olimpíadas é o momento de enriquecer e adquirir experiência. Acompanho tudo desde 1972 em Munique (Alemanha) e chego à Londres com a mesma vontade de ver o que os atletas fazem.
Analisando as Olimpíadas pelo ponto de vista japonês, encontrei algumas coisas interessantes. Não somente pelo desempenho, mas por algumas atitudes sutis dos atletas, dirigentes e públicos.
No momento em que escrevo esse texto, vejo que o Japão conseguiu 24 medalhas dividas em: duas de ouro, 10 de prata e doze de bronze. O público esperava mais medalhas de ouro, principalmente no judô masculino, pois os atletas trouxeram o ouro desde 1988 consecutivamente. Desta vez só vieram prata e bronze. Na ginástica, as esperanças também eram maiores, eles e elas não decepcionaram, mas poderiam voltar com um pouco mais.
Em compensação, fizeram bonito em provas que ninguém esperava como o arco e flecha feminina e o badminton de duplas femininas que travou uma batalha duríssima contra as chinesas mostrando um dos jogos mais bonitos até aqui.
Outro momento marcante foi no hipismo onde um senhor de 71 anos que participa dos jogos de 1968 no México apareceu imponente sobre o seu cavalo. Esse japonês recebeu uma homenagem especial e disse com a elegância de cavaleiro de que a fama repentina é mais pela sua idade do que por suas realizações esportivas.
A cena mais emocionante foi ver a equipe feminina de natação na final dos 400 medley quando ainda nadava a última atleta. Faltando ainda alguns metros, a câmara flagrou a nadadora Terakawa Aya rezando, quase ajoelhada para que a companheira não diminuísse o rítmo. O terceiro lugar não era esperado e uma lágrima mal disfarçada caia dos olhos de Aya.
Outra surpresa foi no medley masculino com a medalha de prata, superando os australianos e ficando atrás apenas dos americanos. Na prova o nadador Kitajima conseguiu sua quarta medalha. Detentor dos títulos nos 200 metros em 2004 e 2008 e nos 100 metros em 2008 em Pequim. O mais "estrelado" atleta da natação japonesa ainda não havia ganhado nada, mas era unânime que a sua liderança e o senso agregador estavam fazendo bem aos demais atletas. Na prova levou a prata, no caráter levou o ouro.
Outras medalhas ainda estão em jogo (luta greco-romana, futebol, vôlei e atletismo), mas o que marca minha alma até esse momento é o reconhecimento por todos os atletas que estão representando o país. Não ouço ninguém falar que fulano falhou, que ciclano não foi bem. São somente elogios numa demonstração de que o pessoal sabe e entende as dificuldades de um atleta profissional. Sabem que eles abdicaram de um monte de coisas, que choram escondidos, que sofrem calados. Medalha de ouro ao povo que entende o verdadeiro sentido do espírito olímpico.