No auge do verão japonês, entre os dias 12 e 15 de agosto, é comemorado o Obon, quando o povo relembra seus mortos. Nesta época as pessoas retornam às suas cidades de origem e visitam o túmulo da família. Aproveitam também para reunirem os parentes colocando as novidades em dia. Em algumas comunidades mais tradicionais é chamado um monge budista que celebra uma missa em memória à alma dos antepassados e de noite realizam o bon-odori que é uma dança típica da época.
O ritual em memória aos antepassados consta em acender uma "lanterna" em recepção aos mortos chamado de "mukae-bi" que ocorre entre os dias 12 e 13. Verduras, frutas colhidas do quintal da família também vão para o altar servida sobre uma folha de lótus ou inhame. Três dias depois, os espíritos voltam para o mundo dos mortos e novamente uma lanterna é acesa, esse dia é chamado de "okuri-bi". As luzes das lanternas, que na verdade são pequenas velas acesas dentro de uma armação de papel e bambu, são para iluminar o caminho para a alma dos antepassados.
Na tradição do Obon, a luz é considerada o símbolo mais importante, pois ela sinaliza a casa onde o espírito deve entrar e serve também para afastar algum mau espírito que por ventura tenha vindo junto, e no final dos três dias, a mesma luz indica o caminho de retorno das almas.
A tradição segue firme a cada ano e desloca mais de 30 milhões de pessoas pelo país afora. Os trens balas ficam com filas de espera, os aeroportos com todos os vôos lotados e as estradas com filas que chegam a 40 quilômetros de congestionamento. Mesmo com todos esses obstáculos, os japoneses não desistem de reencontrar seus parentes e dar uma fugida da rotina, porque não é fácil o enquadramento dentro da sociedade nipônica. Como a maioria das famílias segue em direção ao interior do país, as crianças também passam a ter oportunidades de brincar em rios, subir montanhas, colher hortaliças e ver de perto vacas e bezerros. Mas para mim, o que é mais marcante nessa época são os congestionamentos. Uma coisa incrível.
Congestionamento no Obon yasumi