Ela tinha apenas 13 anos e cursava o segundo ano do ginásio. Morava com os pais numa casa confortável. Sua saúde era frágil, mas nada que prejudicasse muito a sua rotina, apesar de algumas dificuldades em aprender coisas corriqueiras da escola. Por causa dessa dificuldade no aprendizado ela havia passado por alguns médicos e exames, mas nenhum deles foi capaz de dar um diagnóstico que fosse bem aceito pela família. Aí, apareceu um monge charlatão dizendo que ela estava incorporada por um espírito malígno. Com a anuência dos pais resolveram passá-la por um tratamento pouco convencional. Como dizem que a água purifica, colocaram-na sentada embaixo de uma espécie de "cachoeira" nos fundos da casa do charlatão. Essa "cachoeira" era simplesmente a água que saia normalmente de um cano, se esparramava sobre uma pedra e caia de uma altura de 2.5 metros sobre a cabeça da pequena Tomomi. Enquanto a água escorria, ela ficava amarrada numa cadeira aguardando a purificação, o exorcismo dos espíritos ruins. Gritava e chorava muito para que alguém a acudisse.
O exorcismo começou em março deste ano e ela passou por esse drama umas cem vezes e morreu no mês passado sufocada pelo excesso de água da "cachoeira". Ningúem viu? Ninguém ouviu seus gritos? Ningém fez nada!
Acho que todos os envolvidos, os que participaram diretamente do ritual e os que nada fizeram apesar dos gritos, são doentes mentais. É aquele negócio de não querer se meter onde não são chamados mesmo que envolvam risco de vida.
É assim que muitos vivem por aqui. Mesmo sabedor de que alguma coisa está estranha, não se manifestam agindo como máquinas programadas para cumprir ordens. Vivem como zumbis e só se preocupam com o próprio nariz.
São os doentes dos países desenvolvidos.
A morte de Tomomi