Passados alguns meses o assunto dominante ainda é o terremoto de março. A parte ruim já passou, vários abrigos temporários estão sendo levantados, a radiação está sob controle, as cidades estão sendo limpas e o governo já arregaça as mangas para a reconstrução.
Agora que, aos poucos, tudo vai se normalizando, os japoneses resolveram agradecer pelas ajudas recebidas. E sabemos que a ajuda veio do mundo todo em várias formas.
Cumprimentar o outro por aqui é levado à sério tanto que nas escolas isso é uma exigência. É até inimaginável ver alguém passar por algum professor ou colega e não dizer um "bom dia", ou "bom descanso" depois de uma jornada de trabalho. Cumprimentar é o início de uma boa relação pessoal tanto nas escolas como nas empresas. Dentro desse aprender a cumprimentar, está o agradecer por tudo recebido. Dizem até que um japonês nunca devolve uma sacola ou vasília emprestada vazia. Sempre retornará com alguma coisa dentro para mostrar gratidão. Pode parecer uma utopia nesse mundo egoísta, mas é assim que as coisas funcionam por aqui.
Já escrevi inúmeras vezes sobre a disciplina, a obediência e o excesso de regras na sociedade japonesa, mas sei que coisas boas também existem e uma delas é o sentimento de gratidão que eles têm por tudo.
Só para ilustrar, num treino profissional de futebol quando um jogador vai buscar uma bola que foi chutada um pouco longe do gol ou lateral, todos dizem obrigado simultâneamente. No começo é um pouco estranho porque sempre achamos que isso é até uma obrigação, mas na verdade o jogador está "trabalhando" para todos o time. É mais ou menos com esse espírito que os japoneses encaram o difícil dia a dia da nossa existência.
Falar arigato nos deixam mais sábios.
Arigato
Arigato, você não está sozinho