O cineasta dinamarquês Nicolas Winding Refn é um esteta por natureza. Basta verificar sua filmografia para constatar isso. Seus filmes são visualmente lindos, bem enquadrados e com suaves movimentos de câmera. Sem esquecer dos cenários minimalistas e das cores marcantes de seus figurinos. Não é diferente em Demônio de Neon, que dirigiu em 2016. O roteiro, escrito por ele próprio, junto com Mary Laws e Polly Stenham, conta a história de Jesse (Elle Fanning), uma garota de 18 anos recém-chegada à Los Angeles atrás do sonho de se tornar uma modelo profissional. Jesse possui uma beleza ímpar e rapidamente é contratada por uma agência, que fica impressionada com uma série de fotos mórbidas que ela fez. Quando Demônio de Neon foi exibido pela primeira vez no Festival de Cannes, o filme dividiu opiniões. Muitos chegaram a taxá-lo de ter "muita cobertura para pouco recheio". Refn está acima disso. Ele discute aqui, em essência, o belo. Aquilo que nos encanta, fascina e faz sonhar. Pode até parecer um discurso vazio em alguns momentos. Porém, talvez seja essa mesma a intenção do diretor. Se fazer passar por "vazio" para debater o "vazio" de uma sociedade que se preocupa mais com o "ter" do que com o "ser".
DEMÔNIO DE NEON (The Neon Demon - Dinamarca/França/EUA 2016). Direção: Nicolas Winding Refn. Elenco: Elle Fanning, Jena Malone, Karl Glusman, Desmond Harrington, Christina Hendricks e Keanu Reeves. Duração: 118 minutos. Distribuição: Califórnia Filmes.