O inglês James Whale foi um dos criativos e ousados diretores "importados" por Hollywood durante os anos 1930. Ele dirigiu para a Universal três obras-primas do terror entre 1931 e 1935: Frankenstein, O Homem Invisível e A Noiva de Frankenstein. Homossexual assumido, o que naquela época era algo muito raro, Whale pagou um preço altíssimo por sua coragem e caiu no ostracismo. Deuses e Monstros, dirigido por Bill Condon em 1998, aborda os últimos anos de vida deste genial cineasta. O roteiro, escrito pelo próprio diretor, é uma adaptação do romance homônimo de Christopher Bram. No filme, James Whale é vivido de maneira extraordinária, para dizer o mínimo, pelo britânico Ian McKellen. Naquele ano, em uma das maiores injustiças da história da Academia de Hollywood, ele perdeu o Oscar de melhor ator para Roberto Benigni. Na história, ele narra suas memórias para Clayton (Brendan Fraser), o jardineiro de sua casa. Deuses e Monstros é uma lição de cinema e de vida. Condon conduz sua narrativa com sutileza e glamour, com ironia e sensualidade. É curioso e bastante inteligente a maneira como Condon traça paralelos entre a vida de Whale e a famosa criatura por Mary Shelley e que ele imortalizou no cinema. Além de McKellen, que é dono do filme, é preciso destacar o excelente trabalho de Lynn Redgrave no papel da governanta e também o de Fraser, mais conhecido por suas atuações carregadas de "caras e bocas" e que aqui está bem contido. Em tempo: Bill Condon ganhou o Oscar de melhor roteiro adaptado por este filme.
DEUSES E MONSTROS (Gods and Monsters - EUA 1998). Direção: Bill Condon. Elenco: Ian McKellen, Brendan Fraser, Lynn Redgrave, Lolita Davidovich, Kevin J. O'Connor, David Dukes, Mark Kiely e Rosalind Ayres. Duração: 105 minutos. Distribuição: Alpha Filmes.