Muitos podem, numa análise apressada, classificar o cinema do diretor japonês Yasujiro Ozu como simples demais. Esquecem que não existe nada mais difícil de ser atingido do que a simplicidade. Ozu, ao longo de sua extensa filmografia nos brindou com dramas familiares, carregados de humanidade, poesia, amor e humor. Sem esquecer o confronto entre o velho e o novo. Entre o tradicional e o moderno. Tudo isso se faz presente em Dias de Outono, realizado em 1960 e escrito pelo próprio Ozu, junto com o parceiro habitual Kogo Noda, a partir do romance de Ton Satomi. Também conhecido como Dia de Outono ou O Fim do Outono, a história gira em torno da recém-viúva Akiko (Setsuko Hara), que quer que sua filha Ayako (Yoko Tsukasa) se case, algo que ela se recusa a fazer. Temos, portanto, uma situação parecida com a que foi mostrada em 1949 no filme Pai e Filha, estrelado por Tsukasa, que fez então o papel da filha. Mas em Dias de Outono, a história toma um rumo bem diferente quando surge alguém interessado na viúva. O que será de Ayako então? Assim é o cinema de Ozu. Um cinema que tira beleza das coisas simples da vida. Um cinema onde pode até parecer que nada acontece. Mas, acontece tudo.
DIAS DE OUTONO (Akibiyori - Japão 1960). Direção: Yasujiro Ozu. Elenco: Setsuko Hara, Yoko Tsukasa, Mariko Okada, Keiji Sada, Miyuki Kuwano e Shin'ichiro Mikami. Duração: 128 minutos. Distribuição: Versátil.