Com vasta experiência como técnico de som, o brasileiro Sílvio Da-Rin iniciou sua carreira em 1980. No mesmo ano, estreou na na direção com o documentário de curta-metragem Fênix. Cinco anos depois ele dirigiu o primeiro longa, A Igreja da Libertação, também um documentário. Hércules 56, realizado duas décadas mais tarde, se enquadra na leva de filmes brasileiros que revisitam os duros anos de chumbo da ditadura militar. O período retratado é o da semana da independência, no ano de 1969, quando Charles Burke Elbrick, embaixador americano no Brasil, foi sequestrado. Os revolucionários do movimento MR-8 exigiram como resgate a libertação de 15 presos políticos, bem como a divulgação de um manifesto. Todos eles foram levados ao México, em um avião da Força Aérea Brasileira, cujo nome dá título ao filme. Da-Rin entrevistou os sobreviventes do grupo, que relataram o que viveram naqueles dias e depois. Uma das boas "sacadas" do diretor foi ter reunido os depoentes em uma mesa de bar. Talvez pela informalidade do lugar, a conversa é reveladora e nada maniqueísta. Hércules 56 deveria fazer parte dos currículos escolares, bem como das graduação em Ciência Política e Cinema, pois trata-se, em muitos aspectos, de uma verdadeira aula de vida, de história e de documentário cinematográfico.
HÉRCULES 56 (Brasil 2006). Direção: Sílvio Da-Rin. Documentário. Duração: 94 minutos. Distribuição: VideoFilmes.