A Versátil vem prestando um serviço inestimável aos cinéfilos brasileiros. Através de seus lançamentos, tivemos acesso a filmes raros e fundamentais de países como Brasil, Suécia, França, Espanha, Itália e Japão. Deste último, uma obra em particular merece ser aplaudida de pé: Humanidade e Balões de Papel, dirigida em 1937 por Sadao Yamanaka. Cineasta pertencente à primeira grande geração de diretores nipônicos, Yamanaka faleceu precocemente durante a guerra contra a China. Entre 1932 e 1937 ele dirigiu 24 filmes e deste total, apenas três foram preservados. Humanidade e Balões de Papel foi seu último trabalho. O roteiro de Shintaro Mimura conta uma história que se passa no século 18 em uma região pobre do interior do Japão. Somos apresentados a Unno (Chojuro Kawarasaki), um ronin (samurai sem mestre), que luta para sobreviver em meio a um grupo de pessoas que enfrenta situação igual à sua. Yamanaka faz um filme de samurai atípico. Sua narrativa se aproxima mais do intimismo de Yasujiro Ozu do que do tom épico de Akira Kurosawa. A abordagem do diretor consegue, ao mesmo tempo, discutir um problema social e ser o retrato de um momento histórico. E o melhor, sem abrir mão da poesia.
HUMANIDADE E BALÕES DE PAPEL (Ninjo Kami Fusen - Japão 1937). Direção: De Sadao Yamanaka. Elenco: Chojuro Kawarasaki, Kanemon Nakamura, Tsuruzo Nakamura, Sukezo Sukedakaya e Shizue Yamagishi. Duração: 86 minutos. Distribuição: Versátil.