2016 foi um ano intenso para o cineasta chileno Pablo Larraín. Ao longo do ano ele realizou duas interessantes cinebiografias e com recortes históricos bem específicos: Jackie, sobre a rotina da ex-primeira dama americana nos quatro dias seguintes ao assassinato de seu marido, o presidente Kennedy, e este Neruda, que cobre também um período importante da vida do poeta maior do Chile. O roteiro de Guillermo Calderón se passa no final dos anos 1940 e acompanha Óscar Peluchonneau (Gael Garcia Bernal), um inspetor de polícia que persegue Pablo Neruda (Luis Gnecco) após ele se juntar ao Partido Comunista. Larraín nos conduz aqui por um jogo de aparências. Quase um "gato e rato" na encenação de uma suposta realidade. Há momentos em Neruda que destacam essa idealização teatral do real. A ditadura chilena é tema recorrente na filmografia de Larraín. Mesmo que a vida de Neruda naquela época não tenha, pelo menos aparentemente, ligação com o golpe militar promovido por Pinochet quase 30 anos depois, as conexões se fazem presentes nesta criativa e inusitada "recriação" histórica.
NERUDA (Neruda - Chile/Argentina/França/Espanha/EUA 2016). Direção: Pablo Larraín. Elenco: Luis Gnecco, Gael Garcia Bernal, Mercedes Morán, Pablo Derqui, Jaime Vadell e Alfredo Castro. Duração: 108 minutos. Distribuição: Imovision.