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O IRLANDÊS

01 dez 2019 às 21:53

Se considerarmos o primeiro curta-metragem que Martin Scorsese realizou em 1959, quando tinha apenas 17 anos de idade, já se vão 60 anos de uma carreira repleta de grandes obras cinematográficas. E sua obra mais cara e recente, O Irlandês, só ganhou as telas graças ao suporte financeiro da Netflix, que bancou os 160 milhões de dólares da produção. Com base no livro de Charles Brandt, adaptado por Steven Zaillian, o filme acompanha a trajetória de Frank Sheeran (Robert De Niro), um veterano da Segunda Guerra Mundial, que trabalha como caminhoneiro e "pintor de casas” da máfia. De origem irlandesa, ele se torna amigo íntimo de Russell Bufalino (Joe Pesci) e Jimmy Hoffa (Al Pacino). A partir da década de 1950 e ao longo das décadas seguintes, O Irlandês traça um rico painel das relações entre o crime organizado, a política e a força sindical de um país. E vai muito além ao funcionar também como um tratado sobre a velhice e a solidão que ela pode trazer. Da mesma forma, temos um legado-resumo da filmografia de um mestre da narrativa em imagens. Sem glamourização alguma. Porém, em excelente companhia. Não por acaso, Scorsese se reúne outra vez com parceiros de longa data como De Niro e Pesci, e acrescenta Pacino ao grupo. Sem esquecer da participação de Harvey Keitel, no papel de Angelo Bruno, e, claro, de Thelma Schoonmaker, montadora do diretor há quase 40 anos e que me fez não sentir a duração de três horas e meia que o filme tem. Scorsese, diferente de outros cineastas, não se valeu do porto seguro que ele próprio criou. Seria fácil fazer um novo Os Bons Companheiros ou Cassino. Em O Irlandês o caminho seguido é outro. Inquietante, imprevisível e genial.

O IRLANDÊS (The Irishman – EUA 2019). Direção: Martin Scorsese. Elenco: Robert De Niro, Al Pacino, Joe Pesci, Harvey Keitel, Bobby Cannavale, Ray Romano, Stephen Graham, Jesse Plemons e Anna Paquin. Duração: 209 minutos. Distribuição: Netflix.


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