O cineasta iraniano de origem curda, Bahman Ghodabi, começou sua carreira como fotógrafo. Depois estudou na Escola Nacional de Audiovisual, em Teerã. Foi lá que ele realizou seu primeiro curta., em 1999. No ano seguinte dirigiu seu longa de estreia, o impactante Tempo de Embebedar Cavalos, premiado em Cannes e que lhe abriu as portas do mundo. Desde então, vem alternando longas de ficção com documentários de curta-metragem. Tartarugas Podem Voar, que ele escreveu e dirigiu em 2004, é seu terceiro filme. A história se passa na fronteira entre o Irã e a Turquia. O clima é de pré guerra. O ataque americano ao Iraque é iminente. Um garoto de óculos grandes chamado Satélite (Soran Ebrahim), vive de instalar antenas parabólicas na região. Todos querem notícias e é ele quem as consegue. Paralelo a isso, temos famílias em fuga e crianças que são utilizadas para detectar minas terrestres. O cinema de Ghodabi é assim. Flerta perigosamente com o absurdo e com o humor. Parece te levar para um lado, quando na verdade, está te levando para outro bem diferente. Além de brincar com as aparências, ele tece uma sutil crítica à presença americana na região. E neste ponto, Satélite faz jus ao apelido por funcionar em dois sentidos: ele gira em torno de tudo e é através dele que o povo de sua região tem acesso ao que está por acontecer.
TARTARUGAS PODEM VOAR (Lakposhtha Hâm Parvaz Mikonand - Irã/Iraque 2004). Direção: Bahman Ghobadi. Elenco: Soran Ebrahim, Avaz Latif, Saddam Hossein Feysal, Hiresh Feysal Rahman e Abdol Rahman Karim. Duração: 98 minutos. Distribuição: Imovision.