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Ateliê Editorial e os novo escritores

06 ago 2010 às 19:18

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Plinio Martins da Ateliê Editorial -
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Muitos autores desejam publicar livros. Mas, qual é o ponto de vista do editor? Realizamos algumas entrevistas com o intuito de revelar um pouco do trabalho dos editores.

O jornalista Jadyr Pavão, em texto apresentando a Ateliê Editorial, fala com humor que a editora surgiu há quase quinze anos e seu negócio certamente não é fabricar dentifrício bucal. Já no primeiro título, a novela O Mistério do Leão Rampante, de Rodrigo Lacerda, estava contido todo o projeto editorial: a escolha criteriosa de um bom e saboroso texto. De saída, o resultado foi o bom acolhimento dos leitores e um prêmio, o Jabuti, ainda a maior premiação brasileira no campo literário.

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Jadyr afirma ainda que só Plínio Martins, o timoneiro da Ateliê Editorial, poderia oferecer suas razões pessoais. Do agradável ponto de vista do leitor, entretanto, é fácil perceber por que o leme não foi alterado. A Ateliê Editorial cruzou a correnteza agitada e continua a fazê-lo. Escolheu dar vez a novos ficcionistas. Escolheu dar vez a ensaios de fôlego. Publicou a versão em português do Finnegans Wake, de James Joyce. Outro ponto alto é a edição de Os Sertões, de Euclides da Cunha, com mais de mil notas objetivas e esclarecedoras assinadas por Leopoldo Bernucci, que ajudam a compreender a obra – e o Brasil.

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Algumas apostas no arriscado campo da ficção trouxeram dividendos; outras, não, mas isso faz parte do risco inerente ao ofício do editor. Na atualidade, o projeto editorial da Ateliê está em franco desenvolvimento.
Nosso entrevistado é Plinio Martins, diretor presidente da Edusp e professor assistente da ECA. Psicólogo, mestre em ciências da comunicação e doutor na categoria especialista em editoração também pela ECA. Ele tem trinta anos de experiência no mercado editorial.

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1. Partindo de uma boa seleção dos originais, a Ateliê editorial conseguiu prestígio no mercado editorial. Qual é o critério de avaliação das obras?


Os critérios de avaliação podem variar bastante, dependendo se a obra for ficção, poesia, ensaio etc. Como regra geral, avaliamos o conteúdo do texto e, se a obra for interessante – seja qual for a razão –, a possibilidade de encaixá-la em nosso cronograma de publicação.

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2. Algumas editoras têm livros que chamam de "carros chefes", pois impulsionam as vendas. Ateliê Editorial também aposta nesses livros?


Certamente editoras precisam ter em seus catálogos títulos que vendam mais do que a média, para compensar outros com menor vendagem. Nesse sentido, procuramos investir em edições bem cuidadas de clássicos literários, sem deixar de lançar novos autores. O critério principal para publicar um livro não pode ser se ele vai vender muito ou não.

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3. Alguns falam que poesia tem mais autores que leitores; e Ateliê Editorial também edita poesia. Qual é a resposta dos leitores? É verdade que livro de poesia tem tendência a ficar encalhado nas prateleiras das livrarias?


Não concordamos com esse raciocínio, pois todo livro tem seu público. De fato, hoje em dia qualquer livro corre o risco de ficar "encalhado" se não encontrar seus leitores (ou o contrário: seus leitores não encontrá-lo), dada a quantidade de títulos lançados anualmente e a cultura de leitura pouco desenvolvida em nosso país. Ou seja, esse é um problema que não se restringe à poesia especificamente.

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4. Como funciona O Conselho Editorial?


Nosso conselho é composto por colaboradores de confiança que avaliam os originais que recebemos. Com base no parecer deles, decidimos se o livro será publicado ou não. Nossos colaboradores também podem nos indicar obras que julguem importantes que mereçam ser publicados. Não adotamos uma estrutura rígida para a avaliação dos livros.

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5. Vocês ficam atentos aos erros ortográficos? Um bom livro pode ser rejeitado por esse tipo de erros?


O cuidado não deve se restringir apenas à ortografia, mas também à gramática e à sintaxe. Mas nenhum livro é rejeitado especificamente por seus erros ortográficos. Qualquer livro que vá ser publicado pela Ateliê Editorial passará por revisão, independente de quem seja o autor. Vale notar, no entanto, que só é possível considerar um livro bom se ele tiver um texto bem escrito. É fundamental que o leitor consiga entender o que o autor quer comunicar – e isso só é possível com um texto bem escrito.

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6. Que conselho daria aos escritores iniciantes?


Leia. Leia muito. Quanto mais uma pessoa lê, melhor ela domina sua linguagem e torna-se capaz de transmitir melhor suas próprias idéias. É importante também ter cuidado ao analisar sua própria produção criticamente. Vale a pena pedir opinião de terceiros ou até mesmo um parecer de outros autores que já tenham publicado obras similares.

7. Fale um pouco dos novos lançamentos.
A Ateliê Editorial continua seu trabalho de publicar novos autores, clássicos e estudos de literatura e sobre outras áreas das ciências humanas. Nossos lançamentos mais recentes são:
• Distopia – ficção futurista sobre um mundo em guerra e divido em grupos radicalizados.
• Portanto... Pepetela – trabalho de crítica literária sobre a obra de um dos maiores escritores angolanos da atualidade.
• Sociologia da Leitura – estudo fundamental sobre como a leitura se relaciona com a sociedade, com foco principal na cultura francesa, mas lançando bases para pesquisas similares no Brasil.
• Extravio Marinho – novo livro de poesias de Simone Homem de Mello.


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