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"Diário de Inverno" de Paul Auster comentado por Miguel Sanches Neto

21 dez 2014 às 20:46

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"Diário de Inverno", de Paul Auster (Companhia das Letras, 2014, tradução de Paulo Herinque Britto) é um belo livro e ajuda a entender a formação do escritor. Sobressaem o amor pela atual esposa, a situação móvel do escritor, antes mudando de casas (há a descrição de todas elas) e agora em viagens pelo mundo, a dedicação à escrita, o seu enxerto na família escandinava da esposa e a descoberta da vida sexualmente arejada de sua mãe, que passa os últimos dias chantageando o filho para lhe tomar dinheiro. É um retrato fragmentado de um artista fadado ao insucesso e que se fez um grande escritor.

O uso da segunda pessoa no lugar da primeira tenta controlar as emoções. O livro todo é meio árido, afetivamente falando, meio lacunar, e poderia passar por uma autoficção - mas ele quer um pacto memorialístico com o leitor.

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Numa tradição de textos autobiográficos como a brasileira, "Diário de Inverno" parece meio apagado. Somos mais naturais na hora de falar da própria vida. Ivan Lessa dizia que somos mestres da autobustificação. Não precisamos recorrer à segunda ou terceira pessoa para falar de nossa vida. A primeira pessoa nos cai bem.

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Grifei pouco este "Diário de Inverno", meio convencional até no título. Sinal de que o livro me frustrou, talvez por ter achado primoroso demais o romance anterior de Paul Auster - "Sunset Park". Mas o que ficou grifado é de grande verdade e beleza humana, e isso mais do que justifica a leitura.


"Por duas semanas, no final do verão, você trabalhou para o seu pai em Jersey City, numa das pequenas equipes que faziam a manutenção dos prédios [...]. Os dois homens que trabalhavam com você eram negros, todos os moradores de todos os apartamentos eram negros, todas as pessoas do bairro eram negras, e depois de duas semanas só vendo rostos negros a sua volta, você começou a esquecer que o seu próprio rosto não era negro e [...] pouco a pouco foi deixando de se considerar diferente".
Paul Auster em Diário de Inverno, Companhia das Letras, 2014, tradução de Paulo Herinques Britto, p. 151.

Miguel Sanches Neto (Publicação autorizada)


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