O marido de Sandra foi promovido a gerente de uma filial de sua empresa em Santa Catarina. Sua esposa, Carmem, providenciou a mudança. Chamou várias empresas até que conseguiu falar com um senhor muito educado que garantiu um trabalho de responsabilidade. Embalaremos os móveis e só abriremos ao chegar à sua nova residência, enfatizou.
No dia da mudança, Leandro, o filho mais novo de Carmem, pegou o violão. Levarei eu mesmo no carro.
Pode confiar em nós! – exclamou, quase zangado, o motorista do caminhão.
- Não sei, não gosto que ninguém mexa em meu violão. É novo. Presente de aniversário.
- É verdade, ele não empresta nem ao irmão.
- Pode ficar tranquilo. Seu violão está seguro conosco – disse o de camisa amarela.
- Eles são responsáveis – afirmou a mãe.
Depois que colocaram tudo no caminhão, o pai, a mãe e os dois filhos entraram no carro e começaram a viagem. Chegaram à casa nova quase uma hora antes que o caminhão da mudança e ficaram esperando.
Por fim, o caminhão chegou e estacionou. A família inteira, ansiosa, aproximou-se. O motorista abriu as portas de trás, de par em par, e a mãe deu um grito: o funcionário de camisa amarela estava sentado prazerosamente no sofá, tocando uma música caipira no violão de Leandro.
Isabel Furini é escritora e poeta premiada.