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No olho da agulha (Poema de Claudio Daniel)

09 nov 2010 às 00:38

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Tatuar silêncios como formigas.
Afogar os relógios
numa pálpebra.
Vestir o grito com a pele
do escaravelho.
Torcer os músculos da face
em perplexidade.
Cruzar a via absurda
das unhas, desorientado,
obscuro, recurvado
sobre as nádegas.
Saber que toda flor é ridícula,
e mesmo assim cultivar
o minério,
a dor,
a surda epilepsia.
Esquecer o próprio nome,
e sovar a terra
até a exaustão.
(Fosse apenas uma canção de colheita,
você diria amor e outras
palavras fáceis.)
Com o riso estúpido do camelo,
viajar ao olho
da agulha,
labiríntico, insano,
acreditando que toda história é um ácido.
Depois cauterizar a ferida,
aceitar o reflexo,
o simulacro,
lembrar-se
da semente antes do pão.
Tayata gate gate
paragate parasamgate
boddhi soha.

Claudio Daniel, poeta, tradutor e ensaísta, nasceu em São Paulo (SP), em 1962. Publicou os livros de poesia Sutra (edição do autor, 1992), Yumê (Ciência do Acidente, 1999) e A sombra do leopardo (Azougue Editorial, 2001), este último vencedor do prêmio Redescoberta da Literatura Brasileira, oferecido pela revista CULT.

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No exterior, participou das antologias Cities of Chance: an Anthology of New Poetry From the United States and Brasil (Rattapallax Press, New York, 2003), organizada por Flávia Rocha e Edwin Torres, Pindorama, 30 Poetas de Brasil (revista Tsé Tsé n. 7/8, Buenos Aires, 2001), com seleção e tradução de Reynaldo Jiménez, e Cetrería, Once Poetas Brasileños (Casa de Letras, Havana, 2003), organizada e traduzida por Ricardo Alberto Pérez.


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