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O Alienista de Machado de Assis por Yayá Portugal

29 jul 2011 às 00:50

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Aula de Literatura
O Alienista de Machado de Assis por Yayá Portugal


Recebidos os resumos que comprovava a leitura do livro em conjunto com as respostas do questionário de interpretação de texto, o professor pergunta aos alunos se eles gostaram da história do livro O Alienista de Machado de Assis.
Os alunos disseram que sim com um leve sorriso no rosto.

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O professor Cícero olha para a parede de cor gelo nos fundos da sala de aula e o seu olhar vibra. O silêncio se faz e os alunos acompanham o olhar do professor, o olhar que congelou os sorrisos. De súbito, o mestre enfrenta a classe:
"_Gostaram do livro? O Dr. Simão Bacamarte não concedeu sequer o exílio a nenhuma das suas vítimas. Ele os aprisionou dentro da cidade como doentes mentais na malfadada Casa Verde. E, assim procedendo, proclamou os seus opositores em incapazes para o resto das suas vidas. Mesmo depois, quando forem libertos dessa casa infame, o exílio de nada servirá se, como condição de adequamento, eles precisarem de um acompanhante eterno em suas vidas para provarem que são saudáveis e que tudo não passara de um equívoco.
Dessa maneira, a cidade se manterá com o mesmo grupo no poder durante a vida do Dr. Simão e ele fará o seu sucessor em quantas eleições quiser sem ao menos um questionamento. Eu falo de eleições livres, prestem atenção ao fato.

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Diletos alunos, não se permitam alienar da realidade, não se percam em fantasias que os levarão a autodestruição. Deixem a sociedade existir.
Eis aqui uma confissão, todos gostam de confissões: Combato José de Alencar e o seu romantismo, embora compreenda os motivos íntimos que o levaram a ter como motivação o amor feliz e idealizado entre homem e mulher.
Eu saí do seminário e me casei. Não, não foi uma decisão fácil, disse em tom exasperado.

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Voltemos ao livro: é preciso dizer que o ser humano tende a acomodação, a aceitar pequenas fraudes no dia a dia e a ausência de troco ou o troco em forma de mercadoria, que é ilegal, mas é aceito. Mas o que não nos pertence, devolvemos, somos cidadãos exemplares. Eu nem cito o advogado das causas perdidas porque este homem escolheu advogar as causas perdidas e, honradamente, aceitou as cláusulas contratuais com o ônus e o bônus da causa e assume o que faz.


Diletos, saibam que aos poucos, nos permitimos nos alienar e quando nos damos conta, estamos em nossas residências sem poder sair e assistiremos a vida pelos meios de comunicação. Estaremos na nossa própria casa verde. E, o pior, é que de tão cansados com esse estado de absurdos tidos como normais, a vida não passará de um jogo comercial e a sua essência, o motivos de existirmos estará nas mãos do Dr. Simão bacamarte. Sentiremos-nos culpados e a nossa culpa será a preguiça que nos move, temos aqui a premissa falsa que leva a resultados enganosos. E, se não nos culparmos, não faltará um cabo eleitoral para nos acusar de auto-isolamento, de depressão, de excentricidade ou exotismo.


Depois do exposto, reflito se, Machado de Assis não escreveu este livro no verbo presente para que fosse lido pelos leitores de todos os tempos. O personagem padre Lopes, que acha perigosa a atuação do Dr. Simão Bacamarte diz textualmente: ‘Com a definição atual, que à de todos os tempos’. Não será o livro atual e interessante? O padre Lopes questiona a transposição da cerca, os limites da sanidade transpostos. Creio de coração limpo, que a cidade de Itaguaí deseja e tem como norma transpor a cerca no caminho inverso à insanidade, a cidade deseja a razão e a lucidez como fonte de todo o poder.
No livro, a revolta do barbeiro Porfino é debelada pelo destacamento. NÃO poderia ser de outra maneira, a cidade que despreza a justiça como meio de garantir a equidade, sofre a injustiça que busca. Os mecanismos legais existem para a defesa dos cidadãos; e, me digam por que motivo o cidadão teme represálias quando busca a justiça? Os cidadãos preferem a calma e o sossego da Casa Verde, o medo da ilegítima causa?

Perdoem-me queridos alunos, a exposição é complexa. Sinto-me presente ao Largo de São Francisco ao discorrer sobre este livro.
Bate o sinal. Os alunos aplaudem em pé o mestre de português,


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