O peixe do aquário lúcido
A perspicácia do peixe preso
se distingue
daquele que não vive
em sua bolha de vidro
cujo aquário que faz de vida
tolhida por meio desta guarida
mas mesmo
vivendo a esmo
sabe exatamente
daquilo que não vejo
porque sua perspectiva
é geral e aguerrida
enquanto a minha
é tacanha e encolhida
mesmo que eu
tenha liberdade de ir e vir
enquanto ele
desconhece este ligeiro apetrecho
de pujança do meu domínio sobre ti
que apesar disto
o torna um sábio e a mim um asno
porque o seu presságio
é sempre baseado
naquela visão grandiosa
de seus olhos nanospectos
dando a nos entender
que ele não pode de fato ver
de uma maneira correta
porque deduzimos que ele
não pode num aquário,
ter tanta sobriedade
daquilo que passa
fora de sua morada,
mas isto não é verdade
porque aquele que menos fala e age
é aquele que mais guarda
e não esquece jamais
seus pequeninos olhos
estão completamente esbugalhados
para que nada lhe escape
enquanto eu, vivo como um selvagem
ele vive como um padre
quieto e pensativo
elucidativo e mais
como um filósofo
ele vive em sua prisão humana
enojando-se de nossas fraquezas tão tolas,
e pensando quando poderá voltar ao nada
que é o todo do universo
usando sua energia somente para o necessário
é um sábio eu diria
outros diriam,
é só um peixe de aquário
Thiago Favero