Podcast Toma Aí Um Poema lança revista

No dia 15 de julho de 2021, o podcast Toma Aí Um Poema estreou no ramo das revistas literárias. O projeto vinha se destacando no meio digital, sobretudo, no Spotify, plataforma em que o programa acumula mais de 18 mil seguidores.

Jéssica Iancoski, poeta curitibana e editora-chefe do Toma Aí Um Poema, conta que a ideia de expandir as atividades literárias do projeto, surgiu para suprir um déficit cultural "a maioria dos escritores tem a necessidade inerente de serem publicados, aspiração que está sendo frustrada, hora pelos altos custos envolvidos no processo de publicação, em sua maioria composto pelo excesso de impostos; hora pela dificuldade de chegar a um bom leitor. Quando pensei em criar a revista, pensei em estratégias que englobassem esses dois aspectos, satisfazer o artista e motivar o leitor — algo parecido com o que podcast já vinha fazendo, só que em um novo formato”.

Já no dia do lançamento, a revista literária Toma Aí Um Poema alcançou 460 acessos, número que quase dobrou ao longo da primeira semana da revista.

O periódico, que será bimestral, oferece uma interface diferenciada, com design gráfico minimalista e elementos que a tornam realmente um veículo digital — além de ter publicado textos e ilustrações, a revista encontrou um jeito de incorporar vídeo-performances, seções interativas e perfis de usuários nas páginas do projeto.

Tudo isso para explorar, sobretudo, a questão da poesia social, produzida no período atual, abordando questões políticas e culturais.

Milena Martins Moura, editora-chefe da Revista Cassandra (publicação exclusiva de mulheres), conta que conheceu o Toma Aí Um Poema por acaso, ainda na versão podcast, quando foi declamado um poema dela, que já tinha saído na Ruído Manifesto — outra revista literária.

"Depois disso, passei a acompanhar sempre e, assim que soube da revista, achei uma iniciativa linda. Um projeto como esse merece crescer muito, principalmente em tempos como os que estamos vivendo, quando vemos a arte e a cultura tão ameaçadas. Cada vez mais, iniciativas assim crescem em importância. Espaços para a arte florescer em tempos de chumbo. E fico muito feliz de fazer parte desta primeira edição! Só tenho a agradecer.”, acrescenta a poeta.

A capa da primeira edição é composta por fotografia de Darlene Andrade, enquadrando o poeta Ítalo Saldanha, através de mãos que se posicionam no rosto do modelo. Para Thomas Brenner, poeta contemporâneo, a imagem escolhida para compor a capa lembra o álbum Abraçaço de Caetano Veloso.

Tal semelhança se confirma para além da fotografia.

Se em Abraçaço as mãos sugerem movimento de leveza e mãos amigáveis, no periódico, as mãos parecem engolir - imagem também explorada no editorial da revista:

"Nós, as pessoas, estamos sendo engolidas pela violência, pelo extermínio, pela intolerância, pelo genocídio. As mãos, que deveriam assegurar a segurança, entorpecem, embrulham a nossa esperança em pele humana e, então, riem enquanto desossam a espécie "

E para além da fotografia, o conteúdo! Pode-se verificar que ambos projetos apresentam materiais que dialogam tanto com a tecnologia, quanto com as questões sociais, evocando ainda imagens atuais e ancestrais.

Além de Ítalo Saldanha, Milena Martins Moura e Thomas Brenner, a revista literária curitibana também conta com a participação de escritores como Tchello D’Barros, grande expoente da poesia visual brasileira, com mais de 150 exposições em 15 países; Flávia Quintanilha, poeta londrinense (Desabotoar, Patuá - prefácio de Luci Collin); Isabel Furini, escritora premiada no Brasil, Espanha e Portugal; e Rafael Rocha, selecionado Prêmio Oceanos 2021.

A Revista está disponível pela Calameo (leitura recomendada) e em PDF.

O Podcast Toma Aí Um Poema está disponível no Spotify, no Google Podcasts e no YouTube.

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