Poema de Maria da Graça Simão
Comédia Divina ( eletrochoque )
Quem diria...
Tal como no Inferno de Dante
No meio do caminho da minha vida
Encontrei-me frente à uma encruzilhada
A selva escura depois de perder o rumo
A rota dada como certa.
Viver é fazer escolhas?
Escolheram por mim.
Via Crucis ( em busca do centro de mim )
Tropeçando e caindo
Desnorteada
Prossigo a caminhada.
Levantando
Recomeço.
Ferida e magoada
Pouco sentido - muitos sentimentos.
Ajudando e ajudada
Amparando sou amparada.
Filhos / mãe – força geradora / regeneradora.
Espiritualidade
Intuição
Revelações.
Vida dupla – mente disforme em corpo transverso.
Multiplicidade de emoções.
Indignação. Revolta. Incredibilidade.
Quebra-cabeças sem peças.
Dúvidas. Fuga. Responsabilidade.
A palavra que nunca foi dita.
Silêncio dos inocentes?!
Cronos ( o passar do tempo )
O príncipe virou sapo.
O perto ficou longe.
A ponte, precipício.
Beijo, punhalada.
Laços, ataduras.
Segurança , alerta para o perigo!
Escudeiros fiéis - impostores declarados.
Marido, não, amor-bandido.
Dormindo com o inimigo?
Culpas. Medos. Frustrações.
Outros olhares, ângulos diferentes de se ver a vida.
Planos. Sonhos. Concretizações.
Novos personagens num outro cenário.
Intelecto. Estudo. Conhecimento.
Viagens para dentro de mim e em volta do mundo.
Andanças.
Mudanças.
Mudei. Mudei sim.
Sou outra.
Redescobri-me.
Na aparência, rejuvenesci.
Envelheci na essência ...
Perdi a inocência, a pureza da confiança, da entrega sem temor.
Acorda, Alice !
Alice, enfim, acordou.
(Mas com grande possibilidade de vir a tornar-se Dorothy Gale, na fantástica Terra de Oz).
Maria da Graça Simão, socióloga e advogada, funcionária da Biblioteca Pública do Paraná, conquistou o segundo lugar no Concurso Servir com Arte.