Foi uma dama que nas noites,
tecia doces quimeras,
Penélope sem reproche
quem só velava a espera.
Princesinha sem coroa
entre pilastras e muralhas;
que aguarda, mas não perdoa
que já não fiquem estrelas.
Uma a uma foram-se apagando
enquanto contava a sua ausência.
A negrura foi preenchendo
sua dor, sua alma e essência.
Essência de amor e paixão
fogo e brasa que acendia
a chama da sua inspiração
que oferendava noite e dia.
Mas pérfida Musa em tanto,
arrebatou a sua prudência
e sucumbindo ao seu encanto
renegou com urgência.
Esqueceu-se daquela que outrora
olhos de lua vestia,
enquanto chegava a aurora
arrebatado bebia.
Ontem rainha, hoje Cinderella,
não mais dama de teus contos
Na sua alma não há afronta...
nem tempo para lamentos.
Porque quem da com carinho
sem esperar nada,
corre o amor pelas suas veias
e dos ódios não há lembranças.
Mas foi impossível evitar
a solidão na tua alma.
Ao escolher, tens errado
o caminha até tua dama.
Por Zeltia G. Poeta e contista, mora na Espanha, e é editora da revista virtual ZK 2.0