Muitas pessoas me perguntam se o mapa numerológico mostra tendências fixas e definitivas, ou se há possibilidades de mudança. Em outras palavras: Eu sou assim, e não há nada a fazer?
Respondo sempre que o mapa é um mapa - ou seja, um roteiro de nossas tendências pessoais, um indicador da nossa forma instintiva de ser e agir. Como a água seguindo a trilha das ranhuras e depressões desenhadas na areia, é por onde fluímos naturalmente - embora tenhamos outras possibilidades.
O mapa indica os nossos talentos, os potenciais inatos. Embora isto pareça fácil, cabe a nós utilizar essa informação para desenvolvê-los melhor. Uma pessoa que tem grande capacidade de comunicação pode simplesmente ser boa de conversa e ter um contato prazeiroso e alegre com as pessoas - ou então aperfeiçoar esse talento ao máximo e colocá-lo em ação em palestras e ações na sua comunidade ou no trabalho com vendas, jornalismo ou marketing.
Por outro lado, é nas dificuldades apontadas que o mapa pode nos ser mais útil. Porque quando ele mostra que pontos trabalhar, ele nos indica também como revertê-los e, muitas vezes, atingir a condição oposta: os traços que se mostram mais difíceis podem se transformar em nossa maior habilidade.
O maior exemplo é o de um caso real:
Há alguns anos, atendi um famoso psicólogo paulista, que tinha vindo a Londrina para fazer duas conferências e tinha se interessado em fazer uma consulta de Numerologia.
Era um excelente palestrista, tinha escrito pelo menos 20 livros e era dono de uma visão aguda sobre as pessoas. Eu o admirava muito, e estava um pouco receosa de fazer essa consulta. Afinal, era meu ídolo!
Qual a minha surpresa, quando fiz os cálculos, ao ver que ele tinha cinco vezes repetido no mapa, Números que denotavam bloqueios de comunicação. E em posições importantes, o que deveria trazer uma grande dificuldade de expressar sentimentos. Tremi nas bases: como poderia dizer isto à uma pessoa que falava e escrevia tão bem?
Resolvi deixar de lado o que conhecia sobre ele ( que, obviamente, negava tudo isso ), e me ater estritamente às informações que o seu mapa mostrava. Ao iniciar a consulta, coloquei esta questão e em seguida falei sobre as dificuldades de comunicação que o mapa mostrava e com as quais ele deve ter se defrontado intensamente.
Fiquei admirada (e aliviada!) quando ele me contou que, desde pequeno sempre tinha sido extremamente tímido e inibido, e isto era reforçado por sérios problemas com a mãe. E foi exatamente essa dificuldade de se comunicar que fez com que ele buscasse, a partir do início da adolescência, se conhecer mais profundamente através de terapias – que ele realizou durante grande parte da sua vida.
Buscou várias técnicas que o ajudassem a se expressar mais claramente e acabou se apaixonando por esta área – o que acabou levando-o a estudar Psicologia e a ser terapeuta.
Os resultados desse trabalho sobre si mesmo vieram, e ele desenvolveu exatamente o que lhe faltava: a capacidade de comunicação. E não apenas aprendeu a se expressar com clareza, mas também criou uma aguda percepção das dificuldades dos outros – afinal, ele também tinha passado por isso. E exatamente por ter trabalhado essas questões em si mesmo, tinha recursos para auxiliar as pessoas a resolver esses pontos também.
As suas dificuldades pessoais de comunicação foram a ponte para que ele se transformasse num dos melhores terapeutas e palestristas do Brasil. Se elas não existissem (além da sua disposição em transformá-las), talvez ele nunca tivesse se transformado no que é.
O mapa é, assim, o nosso ponto de partida; ao olharmos a nossa "rede de caminhos e entrocamentos", temos uma visão clara e ampla do todo. Podemos, então, nos dedicar à grande tarefa de todo ser humano: assumir a si mesmo, investindo na transformação interna e colocando em ação os potenciais que nos foram dados para a construção de uma vida melhor.