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HISTÓRIAS SUBMERSAS

23 mai 2014 às 11:20
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Somerset Maughan, escritor inglês do século passado, prescrevia para escritores iniciantes: "Existem três regras fundamentais para quem quer escrever bem. O problema é que ninguém até hoje descobriu quais são." Feita essa ressalva, existem algumas descobertas interessantes nesse vasto mundo chamado literatura.

No conto, por exemplo. Um bom conto pede síntese. Sim, mas qual é o limite da síntese? Quantas linhas, quantas paginas? Um conto deve ser parecido com uma fotografia, que recorta um pedaço da realidade, um instante de vida e congela no tempo. Mas o seu significado está por trás da imagem, uma história escondida, um sentimento. Muitas vezes uma vida inteira. O conto está a meio caminho entre a poesia e a prosa, poucas palavras e um turbilhão de sentidos.

Bons contistas são inúmeros e vamos aceitar que alguns gênios trazem sentimentos descrevendo até mesmo um pedaço rasgado de jornal. Extraem a beleza escondida onde quer que exista e ela existe em todo lugar, acreditem. Mas gostaria aqui de citar, apenas como exemplo extremado de síntese, o curitibano Dalton Trevisan. Seus contos às vezes se confundem com uma frase apenas. É um conto ou uma frase? É uma frase, mas pelas imagens que sugere além de uma linha é também um belo e conciso conto.

"O que não me contam eu escuto atrás da porta." Essa obra concisa e interessante do Trevisan pode ser lida como uma frase, como um conto policial, como uma intriga familiar. Uma história que se revela pelo que não diz. Um iceberg que só mostra a mínima parte de cima. Todo o resto está mergulhado. No paragrafo abaixo uma outra pérola;

"Não fale, amor. Cada palavra um beijo a menos." O desejo expresso num tom de quase suplica que a frase (ou conto) transparece, vale por um livro inteiro.

Resumo. Ás vezes não é preciso mais que uma frase.
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