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SOBRE JANELAS E MARES

09 jun 2014 às 22:18
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Cortázar queria que o bom conto fosse como uma janela fechada. Longe da confirmação objetiva dos olhos, a viagem imaginária há de ir tão longe quanto quer o viajante. Quando nada se vê, tudo se imagina.

Para além da janela, há o além da casa, da rua, da cidade, dos campos, das montanhas, do mar. E há o além–mar. Novas terras e novos mundos, mares sem fim, o gigante Adamastor e monstros de todas as formas. Sagres talvez tenha surgido de uma janela fechada.

As janelas cerradas, como que estimulam, por isso mesmo, a necessidade da fuga, do desconhecido, como se esse inquieto espírito humano se energizasse diante do não. De qualquer não. E mesmo a ventana que nega seu próprio nome e impede o vento, não impede o desejo, o voo, o sonho que se quer sonhar.

Mas, no inverso das coisas, há o aquém das janelas fechadas. O corte abrupto que nos conduz para dentro, para o aconchego do quarto, da penumbra acolhedora. Dos perfumes secretos, do toque dos lençóis sobre a pele. Da visita, ao mesmo tempo súbita e permanente das sensações conhecidas, do tédio dos dias iguais.

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E voltamos a encontrar nesses acidentes geográficos da alma, novos mundos povoados e assustadores. E lá vamos nós, Quixote e Sancho Pança, equilibrados sobre os dois pilares que nos fazem humanos. Fantasia e realidade. Dragões e moinhos de vento. Aventura e segurança. Por fim, realidade e ficção. Como num belo e imaginativo conto.


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