O Brasil corre o risco de passar vergonha por chegar ao limite da capacidade em seu setor aeroportuário, mesmo antes de sediar a Copa do Mundo de 2014, dizem executivos ouvidos pelo jornal britânico Financial Times.
Representantes da indústria alertam para o "rápido aumento da demanda e planos inadequados de desenvolvimento" no setor e dizem que, nesse cenário, o país deve enfrentar atrasos e cancelamento de voos durante a Copa do Mundo e, no longo prazo, "restrição do crescimento econômico e condições de viagem abaixo do padrão".
O chefe da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), Giovanni Bisignani, disse ao FT que não tem visto progresso suficiente no setor no Brasil. "Para evitar uma vergonha nacional, o Brasil precisa de estrutura maior e melhor para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016", opinou.
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Gargalo aéreo
Em uma segunda reportagem, o FT lembra que o gargalo aéreo não é um problema novo no Brasil. Citando números da consultoria McKinsey, diz que o número de passageiros que voam anualmente em aeroportos de grande porte no país cresceu de 68 milhões em 2000 para 113 milhões em 2008. Essa demanda pode triplicar nos próximos anos, mas a infraestrutura não tem acompanhado esse ritmo.
Estudo da consultoria aponta que 13 dos mais movimentados aeroportos do país já sofrem de gargalos severos.
Críticas à Infraero
A reportagem também cita promessas de investimentos feitas pela Infraero, incluindo planos de R$ 2 bilhões para expandir os aeroportos de Cumbica e Viracopos.
"Mas a Infraero não cumpriu compromissos mais modestos feitos no passado. (A estatal) reporta ao ministro da Defesa e é dominada por sindicatos de funcionários públicos, sendo autoritária e mais preocupada com empregos do que com resultados", disse ao jornal uma fonte ligada à estatal.
Nesse cenário, crescem os debates em torno da ideia de privatizar alguns aeroportos, mas não está claro qual a posição da presidente eleita Dilma Rousseff a respeito, aponta o FT.
Segundo a McKinsey, para atender a demanda esperada, o Brasil precisa, a longo prazo, de nove novos aeroportos do tamanho de Cumbica.