O motorista que atropelou pelo menos 12 ciclistas na última sexta-feira, em Porto Alegre, disse que se sentiu ameaçado e, por isso, tentou abrir caminho em meio ao grupo para proteger a si mesmo e ao filho, de 15 anos, que estava no carro, de possíveis agressões. A explicação foi dada em rápida conversa com jornalistas, depois de um depoimento hoje ao delegado de Crimes de Trânsito, Gilberto Montenegro.
O incidente ocorreu na Rua José do Patrocínio, no bairro Cidade Baixa. Mais de cem integrantes do movimento Massa Crítica faziam um passeio para estimular o uso de bicicletas no trânsito. Alguns deles, da parte retardatária do grupo, teriam discutido com o motorista Ricardo Neis, bancário, de 47 anos, que abriu caminho à força, acelerando seu veículo e atropelando alguns ciclistas até ultrapassar todos e seguir para a zona leste da cidade.
Os ciclistas feridos foram atendidos em um pronto-socorro e liberados na mesma noite. Tanto os ciclistas quanto o motorista se acusam mutuamente pelo início das agressões. A defesa do bancário vai alegar que as imagens que foram para a internet e percorreram o mundo com cenas do atropelamento não mostram os primeiros momentos do conflito, quando o carro teria sido cercado e parcialmente depredado.
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Os participantes do passeio afirmam que se limitaram a sinalizar e pedir para que o motorista se mantivesse atrás do grupo por mais algumas quadras. O bancário sustenta que vários ciclistas cercaram e bateram insistentemente no carro. "Houve uma brecha e eu passei alguns deles", narrou. "Eles se enfureceram e quebraram o espelho, deram vários socos, jogaram as bicicletas por cima (do carro)", prosseguiu. "Naquela situação eu tinha que sair o mais rapidamente possível para evitar o linchamento".
O delegado não deu entrevistas e avisou que só vai falar no caso depois da conclusão do inquérito, em 30 dias. As hipóteses para o caso vão de tentativa de homicídio qualificado, como querem alguns ciclistas, a legítima defesa, como vai alegar o advogado do motorista.