Aos nove meses de gravidez e sentindo as dores do parto, a auxiliar de educação Vanessa Regina Proença de Carvalho, de 28 anos, foi três vezes ao Hospital Santa Lucinda, em Sorocaba, mas só conseguiu ser internada depois que uma médica constatou que a criança já não apresentava batimentos cardíacos. Ela alega que o atraso no parto por falta de atendimento causou a morte do bebê e registrou boletim de ocorrência no final da tarde de ontem alegando omissão de socorro. O Santa Lucinda faz parte do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), mantido pelo Estado.
O bebê, do sexo feminino, seria o primeiro filho de Vanessa e seu marido, o ajudante Ricardo Cassiano de Souza, de 27 anos. Ela contou que fez todo o pré-natal e, na madrugada de quarta-feira, começou a sentir dores e foi ao hospital, mas recebeu soro e foi mandada para casa. No dia seguinte, a mulher voltou para o hospital ainda com mais dores. No exame, a médica constatou que o bebê estava bem, com batimentos cardíacos normais, porém alegou que não havia dilatação suficiente para o parto. Vanessa foi medicada e mandada para casa, apesar de ter insistido para ficar internada. Na sexta-feira, voltou ao hospital e, depois de esperar uma hora, foi examinada.
A médica não conseguiu perceber os batimentos cardíacos e, às pressas, encaminhou a mãe para o ultrassom. Logo depois um médico informou que o bebê estava morto. "A criança era perfeita e pesou 3 quilos e 700 gramas. O atestado de óbito revelou anoxia intrauterina (falta de oxigênio) como causa da morte. A advogada do casal, Juliana Torres, avalia que houve imperícia. "Os médicos podiam ter feito a cesariana, mas foram deixando o tempo passar." A administração do hospital não funcionava ontem e a recepcionista não tinha autorização para passar os contatos dos diretores. A médica que respondia pelo corpo clínico informou que, em caso de denúncias como essa, o hospital abre sindicância para apurar os fatos, o que deverá ser feito nos próximos dias.