O Distrito Federal (DF) vai lançar amanhã uma campanha para encorajar mulheres a denunciar abusos sexuais em transporte público. "Assédio sexual no ônibus é crime" será o tema da campanha, que também pretende sensibilizar passageiros a defender a vítima.
A campanha vai mostrar que o assédio é crime e pode ser enquadrado como "importunação ofensiva ao pudor" e até "estupro", que podem levar o autor à prisão. Há alguns dias repercutiram na imprensa casos de abuso sexual e também de criminosos que fizeram fotos e filmagens íntimas de mulheres em transportes públicos sem que elas soubessem. Os números desse tipo de crime no DF serão divulgados no lançamento da campanha, mas, segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Mulher, poucos casos são denunciados à polícia.
Em depoimentos colhidos pelo DF é possível ver que muitas das mulheres assediadas não sabem exatamente o que é crime. Eles também mostram que as testemunhas se omitem. "Viajo sempre no horário em que os ônibus circulam lotados, no sentido Cidade Ocidental-Brasília. Certa vez, o homem ficou atrás de mim e, a todo momento, encostava seu corpo no meu. Tentava me afastar, mas não encontrava mais espaço. Sofri esse assédio até chegar à Rodoviária do Plano Piloto, onde trabalho numa loja. Não denunciei porque não sabia que tratava-se de crime ou algo assim", disse uma operadora de caixa que não quis se identificar.
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Cartilhas com explicações sobre assédio e o passo a passo para as mulheres reagirem e denunciarem farão parte da campanha, que também vai trazer cartazes dentro dos ônibus alertando as pessoas sobre esse tipo de crime. De acordo com a Secretaria da Mulher, idealizadora da campanha, a partir de junho a nova frota de ônibus do DF vai vir com câmeras de segurança. Quem sofrer abusos poderá pedir as imagens para servirem de prova contra o agressor.
A orientação do DF é que a tanto a vítima quanto as testemunhas acionem o 190, telefone de emergência da Polícia Militar e peçam a intervenção de uma patrulha. Em Brasília, para conter o assédio, o Metrô criou o "vagão rosa" como espaço exclusivo para as mulheres nos horários de pico. A medida é adotada, também, em outras capitais, como o Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba.