As personalidades que serão homenageadas com as obras foram definidas em consulta pública feita entre 10 e 25 de novembro, na qual as pessoas podiam escolher três nomes entre 14 indicados. A ação fez parte das celebrações do Dia da Consciência Negra.
Entre os candidatos estavam, o ex-senador e professor Abdias do Nascimento; os atores Grande Otelo, Mussum e Ruth de Souza, a líder quilombolaTereza de Benguela, a pioneira na luta pelos direitos das trabalhadoras domésticas Laudelina de Campos Melo, a médica e professora de música Iracema de Almeida e os engenheiros André e Antônio Rebouças, que eram irmãos.
Os cinco nomes escolhidos pela população da capital paulista para as novas esculturas de personalidades negras foram a lalorixá Mãe Sylvia de Oxalá, a cantora Elza Soares, Chaguinhas, o cabo condenado à morte que inspirou o nome do bairro paulistano da liberdade, a filósofa e escritora Léila Gonzales e o geógrafo Milton Santos. Os locais onde as esculturas serão instaladas serão divulgadas em breve nos canais da Secretaria Municipal de Cultura.
Segundo a secretária municipal de Cultura, Aline Torres, das 390 obras, no acervo de esculturas públicas da cidade, apenas cinco homenageavam pessoas negras.
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"Entre 2021 e 2022, inauguramos mais cinco estátuas e, com esta consulta, estamos muito felizes porque pudemos escolher mais cinco homenageados a personalidades com quem as pessoas se identificam. Portanto passomos de cinco para 15 esculturas", disse Aline.
Ialorixá Mãe Sylvia de Oxalá foi uma paulista nascida no bairro da liberdade, em 1938, que teve a tarefa de preservar e ensinar o modo de vida, a valorização e desestigmatização do candomblé.
De fevereiro de 1986 a agosto de 2014, Mãe Sylvia de Oxalá esteve no comando do Axé Ilê Obá, consagrado e reconhecido como primeiro espaço de candomblé tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo) como patrimônio histórico e cultural - espaço de preservação das tradições ligadas à orixalidade, como resultado do esforço desta importante líder religiosa e política. Ela faleceu em agosto de 2014.
Elza Soares nasceu em 1930 no subúrbio do Rio de Janeiro e foi uma cantora e compositora brasileira. Consagrada como um dos maiores nomes da MPB (música popular brasileira), recebeu no ano 2000, em Londres, o título de A Melhor Cantora do Universo, dado pela emissora BBC.
Famosa pela voz rouca, Elza também deixou marcas pela sua história de vida, com tragédias e reviravoltas memoráveis. Aos 27 anos, Elza já havia sido casada e tinha cinco filhos. Mais tarde, tornou-se companheira de Mané Garrincha e foi perseguida por ser apontada como pivô da separação do jogador de sua primeira mulher. Ela teve um filho com Garrincha, com quem viveu por mais de 17 anos. Elza morreu em 2022.
Lélia de Almeida Gonzalez nasceu em 1935, em Belo Horizonte, e faleceu 1994, na cidade do Rio de Janeiro. Décima sétima de uma família de 18 filhos, Lélia foi criada em um lar operário. Mesmo precisando trabalhar bem cedo, teve mais oportunidades educacionais do que a família e seguiu seus estudos em escolas públicas, conseguindo chegar à universidade, onde obteve os títulos de bacharel em História e Geografia. Tornou-se professora e como intelectual e ativista, participou de numerosas formas de resistência política ao regime militar. Foi fundadora do Movimento Negro Unificado, esteve na formação do PT e integrou os quadros do PDT.
Milton Santos foi um geógrafo brasileiro, considerado por muitos como o maior pensador da história da geografia no Brasil e um dos maiores do mundo. Destacou-se por escrever sobre inúmeros temas e pelo posicionamento crítico ao sistema capitalista e aos pressupostos teóricos predominantes na ciência geográfica de seu tempo. Era um dos críticos mais ferrenhos da globalização. Santos morreu em 2001, aos 75 anos.
Francisco José das Chagas, mais conhecido como Chaguinhas, foi um cabo negro do Primeiro Batalhão de Santos, no período do Império português. Chaguinhas foi enforcado no ano de 1821, após participar de uma revolta que reivindicava os salários atrasados dos militares e igualdade de valores no pagamento para os militares brasileiros e portugueses. A forca foi erguida no atual bairro da Liberdade, que tem esse nome porque, no momento da execução, a corda arrebentou e ele caiu no chão. Nesse momento o povo gritou: “liberdade”.
O costume, nesses casos, era perdoar o condenado, mas o governo foi intolerante e o pendurou novamente. Mais uma vez, a corda arrebentou, fazendo com que o povo gritasse: “milagre”. Mesmo assim, ele foi enforcado na terceira tentativa e, ao demonstrar sinais de que estava vivo, foi atacado a pauladas.