O traficante Luiz Fernando da Costa, de 46 anos, o Fernandinho Beira-Mar, que cumpre pena na penitenciária federal de Catanduvas (PR), está no Rio, onde começou nesta terça-feira a ser julgado por dois homicídios e uma tentativa, ocorridos em 27 de julho de 2002 numa favela de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Nessa época o traficante estava preso em Bangu 1, na zona oeste do Rio, e teria ordenado as mortes por telefonema feito por meio de celular.
Segundo a polícia, as vítimas eram integrantes da facção criminosa Comando Vermelho, chefiada por Beira-Mar mesmo de dentro do presídio. O telefonema em que o traficante determina a morte do trio foi gravado com autorização judicial. "Estou preso, não estou morto e não perdoo vacilação. Quem estiver errado vai rodar neste bagulho, pode ser quem for", diz Beira-Mar para um comparsa, na gravação.
O traficante chegou ao Rio na tarde de segunda-feira e foi conduzido a Bangu 1, onde pernoitou. Na tarde desta terça foi levado de helicóptero para o Fórum do Rio. A audiência no 4º Tribunal do Júri começou às 15 horas, sob forte esquema de segurança. Ao rever familiares, Beira-Mar acenou e mandou beijos, e por isso foi repreendido pelo juiz. Ele negou ter ordenado as mortes dos três comparsas e contou que usou um celular clandestino para determinar a realização de uma reunião e tentar resolver uma disputa entre os traficantes. "Só queria dar um couro neles", contou Beira-Mar ao juiz. Ele disse que é casado, tem 11 filhos, foi empresário da construção civil antes de se envolver com o tráfico e atualmente está estudando teologia na prisão. A sentença deverá sair por volta da meia-noite desta terça.