O Fórum Social Mundial Temático Bahia foi planejado para ser uma espécie de "ponte" entre o Fórum Social Mundial 2010, realizado esta semana em Porto Alegre (RS), e o FSM 2011, a ser realizado em Dacar (Senegal), o primeiro na África. O próprio tema, Da Bahia a Dacar: Enfrentar a Crise com Integração, Desenvolvimento e Soberania, sugeria essa ligação.
Além disso, o evento traria uma inovação ao ciclo de discussões e encontros de movimentos sociais, que completou uma década este ano: uma reunião entre representantes da chamada "sociedade civil organizada" e chefes de Estado de América Latina e África, para a formulação de ideias alternativas para o "mundo pós-crise".
O que se viu ao longo dos três dias em Salvador, porém, não foi o que sugeria o roteiro. Em vez de debates e propostas, o fórum temático apresentou, em sua programação de quase duas centenas de eventos, a reedição de discursos-chavão "contra os poderosos", revestida de forte cunho eleitoral.
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O ponto alto do fórum baiano seria no sábado, 30, quando era esperada a presença de 15 presidentes - entre eles o brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva -, para que fosse realizado um debate sobre as perspectivas de países em desenvolvimento para a retomada do crescimento mundial após a crise econômico-financeira global.
Nem Lula, recuperando-se de uma crise hipertensiva, nem nenhum dos outros chefes de Estado convidados compareceu. Segundo a organização, os que declinaram os convites alegaram problemas de agenda. Alguns sequer responderam. O número total de participantes também foi "enxugado": dos 30 mil previstos inicialmente, segundo a organização, fizeram inscrição cerca de 15 mil - mas estima-se que não mais de 10 mil tenham estado de fato nos eventos.