O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, foi recebido nesta segunda-feira (23), ao chegar ao Palácio do Itamaraty, por cerca de 100 manifestantes. No grupo, havia ativistas favoráveis e contrários à presença do líder iraniano no Brasil.
Entre os favoráveis estão os que criticam o chamado imperialismo norte-americano e apreciam os governos do venezuelano Hugo Chávez e do boliviano Evo Morales. O grupo dos que são contra a visita é formado por representantes da comunidade judaica, entre eles um sobrevivente do Holocausto.
O aposentado Ben Abraham passou por diversos campos de concentração durante um período de cinco anos e meio – incluindo o de Auschwitz, na Polônia. Abraham classificou as declarações de Ahmadinejad de "absurdas" - o iraniano nega a ocorrência do Holocausto [execução em massa de judeus e de outras minorias durante o nazismo]. Segundo o judeu, alguns campos de concentração que ainda permanecem intactos servem de alerta para a humanidade.
Leia mais:
Mega-Sena: aposta de Belo Horizonte fatura R$ 28 milhões
Botafogo joga por empate para acabar com jejum de 29 anos no Brasileirão
Mega-Sena sorteia neste sábado prêmio acumulado em R$ 27 milhões
Brastemp acusa LG de plágio em comercial e consegue tirar anúncio de geladeira do ar
"O presidente do Irã, mesmo com sobreviventes do nazismo, como eu e outros, nega o Holocausto. O tempo está passando. Quando o nazismo começou, eu tinha 14 anos. Vou completar 85 anos. Enquanto houver sobreviventes do nazismo, está bom. Mas e depois? Como negar essas atrocidades?", reagiu Abraham.
Durante as manifestações, o presidente da Juventude Judaica Organizada, Gilberto Ventura, afirmou que as críticas a Ahmadinejad não dizem respeito à visita em si, mas consistem em trazer ao povo e ao governo brasileiros a consciência de questionar o que ocorre no Irã e que tipo de valores o presidente iraniano representa.
"A idéia não é chegar aqui e dizer ao Lula que não o receba. O recado é: Abra os olhos. Já houve momentos na história com pactos absurdos, como entre Stalin [Josef Stalin, líder da União Soviética de 1922 a 1953] e Hitler [Adolf Hitler, líder do Nacional-Socialismo alemão, de 1933 a 1945] . No Brasil, o recebemos [Ahmadnejad] de braços abertos, mas é importante ouvir o outro lado. Existe uma falta de diálogo real, de conhecer quem é o outro de verdade", afirmou Ventura.
O coordenador nacional do Movimento Democracia Direta, Acelino Ribeiro, levantou faixas de boas-vindas ao líder iraniano e disse que a visita deve ficar marcada na história de ambos os países. Ele se diz convencido de que Lula e Ahmadinejad vão discutir propostas que contribuam para um projeto de luta pela paz mundial.
"Ahmadinejad poderá construir esse projeto na defesa da soberania do povo iraniano e do povo latino-americano, principalmente no Brasil e na Bolívia, países que dispõem de recursos naturais cobiçados pelo imperialismo mas que podem melhorar a vida e as condições de nossos povos."
Ribeiro mostrou-se favorável, inclusive, à visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Irã – que deve ocorrer entre 10 e 16 de março do próximo ano. Segundo ele, Lula e Ahmadinejad podem facilitar o caminho para que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, negocie com o Irã o uso "pacífico" do programa de energia nuclear.