O Ministério da Saúde desativou o gabinete de crise que havia criado para auxiliar as famílias de vítimas e os feridos do incêndio da boate Kiss em Santa Maria (RS), mas manteve o atendimento em Porto Alegre. Do total de 145 pessoas que necessitaram de internação depois da tragédia, 27 ainda estão em seis hospitais da capital gaúcha e seis em um hospital de Santa Maria. Cinco pacientes permanecem em estado crítico.
Ao mesmo tempo, União, Estado e município vão trabalhar na criação de um centro de atendimento às vítimas e familiares para acompanhar e prestar assistência às famílias dos 239 mortos da tragédia e a todos que foram internados ou que, mesmo sem hospitalização, tenham respirado a fumaça tóxica produzida pela queima do revestimento da casa noturna. O serviço poderá durar dois anos ou mais, se houver necessidade, segundo fontes da Secretaria Estadual da Saúde.
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul acredita que vai conseguir concluir o inquérito que investiga as causas da tragédia, ocorrida em 27 de janeiro, no prazo de 30 dias. Cerca de 200 testemunhas serão ouvidas nos próximos dias, inclusive funcionários da Prefeitura de Santa Maria que emitiram os alvarás de funcionamento da Kiss.
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A apuração também contará com análises técnicas e laboratoriais. A Polícia Federal já periciou 60 de 94 celulares das vítimas da tragédia e encaminhou o resultado à Polícia Civil. O objetivo é analisar imagens da casa noturna antes e durante o incêndio, para detectar o estado das instalações, e também buscar eventuais descrições da situação feitas pelos portadores dos aparelhos.
Laudos
Em outra frente, a investigação da causa da morte das vítimas, a Polícia Civil vai receber laudos dos exames de sangue feitos pela perícia com ajuda do Laboratório Policial de Química Forense de Buenos Aires. Nesta segunda-feira, o jornal Zero Hora afirmou que a análise de 235 amostras não teria identificado presença de cianeto em quantidade suficiente para matar as vítimas. Isso mudaria a hipótese de que tal gás teria provocado os óbitos.
A investigação pode apontar asfixia por outro componente tóxico, também formado a partir da queima do revestimento. Mas, mesmo que mude a explicação técnica, vai manter a responsabilização das mesmas pessoas pelas instalações inadequadas. O Instituto Geral de Perícias ainda não comentou o caso.