A Polícia Civil de Brasília abriu hoje inquérito para investigar se houve negligência no socorro ou erro médico na morte do estudante Marcelo Dino, de 13 anos, filho do presidente da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), Flávio Dino. Ele foi internado na tarde de segunda-feira na UTI do Hospital Santa Lúcia com grave crise de asma. Acordou bem na manhã hoje, mas voltou a passar mal após os médicos lhe aplicarem o remédio Solu-Cortef.
A autópsia do Instituto Médico Legal (IML) atestou insuficiência respiratória como a causa da morte do garoto, segundo filho de Dino com a professora Adriana Fonseca, de quem é divorciado. Ele foi velado durante a noite e será sepultado amanhã às 10h no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília.
A Polícia quer saber se houve atraso atendimento do pedido de socorro ao paciente, se houve troca do remédio por engano e se a forma ou a dosagem de administração estavam corretas. "Vamos apurar todas as circunstâncias da morte", disse o delegado Anderson Spindola, titular da 1ª DP, que comanda o inquérito. Essa é a segunda vez em menos de um mês que o Santa Lúcia é investigado por suspeita de responsabilidade na morte de pacientes.
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Hoje, o delegado requisitou ao hospital a lista de todos os profissionais - médicos, enfermeiros e atendentes - que tiveram algum tipo de contato com o caso de Marcelo.
Segundo relato feito por Adriana, que o acompanhava na UTI, o rapaz acordou bem, pouco depois das 5h, aparentando estar recuperado da crise de asma. Ele conversou com a mãe normalmente e às 5h30, a equipe médica que o assistia aplicou o remédio, um anti-inflamatório esteroide de administração intramuscular ou intravenosa.
Logo a seguir, ele começou a passar mal, o que levou a família a desconfiar de erro de dosagem ou da eficácia do próprio tipo de medicamento para o aquele quadro clínico. Ao perceber o agravamento do quadro, Adriana deu o alerta à equipe por volta das 5h45, mas o atendimento, segundo o relato passado à polícia, só foi feito às 6h.
Marcelo reclamou de asfixia e de grande mal estar. Em seguida perdeu a consciência e entrou em coma. Em apenas 15 minutos estava morto. Os médicos levaram os 45 minutos seguintes tentando em vão ressuscitar o rapaz e às 7h comunicaram o óbito à família, que ficou revoltada com a possibilidade de falha médica, mas evitou fazer condenações públicas antes das investigações, que serão acompanhadas pelo Ministério Público.
Em nota, a direção do Hospital Santa Lúcia negou negligência no socorro, erro no tipo de remédio ou falhas na sua administração. "Tudo que o paciente necessitava estava à sua disposição na UTI", disse o diretor jurídico do hospital, Gustavo Marinho. O advogado garantiu que o remédio estava ao lado da cama do paciente. "Tudo leva a crer que foi uma lamentável fatalidade".