O Ministério Público determinou ao Instituto Médico Legal (IML) de Goiás que não libere o corpo do pedreiro Adimar Jesus da Silva até que seja concluída a investigação sobre as circunstâncias de sua morte. Adimar, que admitiu ter matado seis jovens na cidade de Luziânia, foi encontrado morto ontem dentro da cela onde estava preso, numa delegacia de Goiânia. A Polícia Civil afirma que ele se suicidou.
A versão do suicídio foi referendada pelo IML goiano, que hoje informou ter concluído todos os exames no corpo de Adimar. Os laudos devem estar prontos em dez dias. "Primeiro queremos ver esses laudos para saber se vai ser preciso fazer algum exame adicional e, só depois, o corpo poderá ser liberado", disse o promotor Ricardo Rangel, do Ministério Público Estadual de Goiás. Rangel é responsável pelo inquérito que apura os assassinatos em série supostamente cometidos por Adimar.
Apesar da medida, o promotor afirma que até agora não há razões para duvidar da versão do suicídio. A determinação do MP foi expedida assim que os promotores souberam que o IML havia liberado o corpo de Adimar. A família do pedreiro já tinha começado a preparar o enterro, em Serra Dourada, interior da Bahia.
Leia mais:
Oito restaurantes brasileiros estão entre os cem melhores do 50 Best América Latina
Adultos com diabetes quadruplicam em três décadas e a maioria não recebe tratamento
Autor de atentado deixou mensagem a pichadora do 8/1 e chamou escultura no STF de 'estátua de merda'
Música 'Unstoppable' foi usada em clipe por homem antes de se explodir em Brasília
Embora os laudos não tenham ficado prontos, os peritos anteciparam a conclusão dos exames. Afirmaram que Adimar suicidou-se. Os legistas descartaram ingestão de produtos tóxicos. No domingo, a Polícia Civil de Goiás anunciou que Adimar se enforcou com uma corda improvisada com tiras do colchão da cela.
Hoje, o promotor Ricardo Rangel criticou a atuação dos órgãos de segurança pública de Goiás no caso. Para ele, a Polícia Civil, encarregada da custódia do pedreiro, não poderia ter permitido que Adimar se matasse. "A morte dele traz um prejuízo irreparável para a investigação", disse o promotor, referindo-se ao inquérito que apura a morte dos seis garotos de Luziânia. "Os exames de DNA devem ficar prontos nos próximos dias e, por hipótese, vamos considerar que algum dos corpos não seja de nenhum dos garotos desaparecidos. Se isso acontecer, quem vai esclarecer? A investigação sobre eventual participação de terceiros nos crimes também está prejudicada agora", afirmou.
O promotor disse que, ao final da investigação, ainda que seja comprovado o suicídio, o Ministério Público poderá processar as autoridades que deveriam ter zelado pela integridade física do preso.
A confissão do pedreiro Adimar, preso no último dia 10, pôs fim a mais de três meses de mistério em torno do desaparecimento dos seis garotos de Luziânia, cidade goiana situada a 58 quilômetros de Brasília. Os meninos, com idades entre 13 e 19 anos e moradores de um mesmo bairro, na periferia da cidade, sumiram no final do ano passado.
Ao ser preso, Adimar disse ter matado os meninos e indicou onde estavam os corpos. O pedreiro afirmou que cometeu o primeiro crime no final de 2009, logo após deixar o Presídio da Papuda, em Brasília, onde passou quatro anos preso por pedofilia. Condenado a dez anos de reclusão, o pedreiro fora libertado antes do tempo porque a Justiça considerou que ele tinha bom comportamento na cadeia.