Em breve, os moradores do bairro Guajuviras, em Canoas, município da Grande Porto Alegre, vão conviver com uma nova tecnologia que, segundo seu fabricante, é capaz de identificar o disparo de uma arma de fogo e acionar a polícia entre 9 e 15 segundos, determinando o local exato no qual o tiro foi dado. O Ministério da Justiça estuda expandir o serviço para outras cidades, caso a experiência gaúcha seja bem-sucedida.
O sistema de localização de disparos - o ShotSpotter, como é chamado em inglês - foi desenvolvido há mais de dez anos. Nos Estados Unidos, já foi implantado em mais de 50 cidades e teria contribuído para uma redução média de 20% na incidência de crimes com armas de fogo, garante Roberto Motta, um dos diretores da ASI Brasil, representante exclusiva do produto no país.
Segundo Motta, o sistema usa uma avançada tecnologia capaz de distinguir o som de um tiro em meio a outros sons urbanos, como um rojão ou o barulho de um escapamento. O ruído é captado por sensores acústicos escondidos em telhados de prédios e casas. Esses sensores podem estar até 3 quilômetros do local do disparo.
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Detectado o disparo, o próprio sistema mapeia, com base em localização GPS, o local exato onde o tiro foi dado. Um alerta eletrônico é então repassado a uma central, de onde os operadores podem acionar a viatura policial mais próxima, indicando o endereço da ocorrência.
De acordo com Motta, a margem de erro é de apenas dez metros e a única ressalva seria quando do uso de silenciadores, já que o som do tiro não teria como ser captado nem mesmo pelos sensores acústicos mais próximos. Mesmo assim, a eficácia do produto é garantida em contrato pelo seu fabricante, já que a empresa responsável afirma que o sistema deve captar e acionar a central em pelo menos 80% dos disparos feitos na área de abrangência dos sensores.
A implementação de o sistema em Canoas vai custar R$ 2 milhões - que serão repassados pelo Ministério da Justiça, via Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) – mais a contrapartida municipal, de cerca de 2%, ou cerca de R$ 40 mil, para capacitação dos operadores - policiais da guarda municipal - e para preparação da central.
Durante a assinatura do acordo que prevê a liberação dos recursos em até 30 dias, o ministro da Justiça, Tarso Genro, deixou claro que Guajuvira servirá de laboratório e que se a experiência for bem-sucedida, poderá ser reproduzida em outras cidades, sendo levada para aquelas que já integram o programa Territórios da Paz e também para as 12 que irão sediar jogos da Copa do Mundo.
Responsável por apresentar a ideia ao ministério, o prefeito de Canoas, Jairo Jorge (PT), defende que a tecnologia servirá não só para que os criminosos sejam detidos, mas também para salvar vidas, já que os serviços de atendimento médico poderão ser acionados prontamente.
"Em fração de segundos se agiliza não só a força policial, mas também o socorro, de forma que estaremos preservando e salvando vidas ao mesmo tempo em que estaremos combatendo a violência", disse Jorge
De acordo com o Ministério da Justiça, o bairro Guajuviras foi escolhido para abrigar a primeira experiência com a tecnologia na América Latina por causa dos índices de criminalidade. Com 70 mil habitantes, em 2009 o bairro registrou 50 homicídios - 80% por arma de fogo. Ainda segundo o ministério, o índice de homicídios, que cresceu em média 30% a ano entre 2005 e 2009, só parou de aumentar após a implantação do Território de Paz do Pronasci, no ano passado.