Entre dezembro e março o número de animais, em especial cães, abandonados nas ruas das principais metrópoles aumenta até 70%. "Esse número pode ser ainda maior, se levarmos em consideração animais perambulando nas cidades sem que tenha sido efetivamente registrado um abandono. Basta um descuido e o animal de estimação pode escapar para sempre", alerta Marco Ciampi, presidente da Arca Brasil, ONG protetora dos animais.
O fato pode estar ligado à época de festas, férias e verão, já que nesse período a circulação nas casas aumenta, portões são esquecidos abertos e pela distração o bichinho de estimação pode fugir. Foi o que aconteceu recentemente com Flavio Roberto de Souza, empresário e dono de um cão da raça Cocker, que fugiu deixando toda família em pânico. "Ele nunca saía de casa, nem demonstrava interesse em sair. Foi apenas o instante de retirar as compras do carro para ele desaparecer. Não sabemos se de fato ele foi levado ou se está perdido", lamenta o empresário. O filho Guilherme, de 10 anos, está muito triste, e a busca pelo amigo já dura mais de quatro meses.
A situação abre precedentes para a discussão sobre uma questão muito importante - a superpopulação canina. No caso da família Souza, o cão não era castrado, o que aumenta as chances de ninhadas indesejadas.
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Segundo Ciampi, cada cruzamento pode gerar seis ou mais filhotes. Ou seja, animais que podem repetir esse número se não forem castrados. "Estamos diante de um problema sério e que pede toda atenção", alerta.
Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) revela que o Brasil está entre os países com maior população de cães e gatos do planeta, ocupando o segundo lugar no ranking, com 55,5 milhões desses animais. Do total, 37,1 milhões são cachorros espalhados pelas cinco regiões brasileiras. Mas o fator mais preocupante para as autoridades é o elevado número de cães em estado de abandono.
Um estudo realizado pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a prefeitura, estimou que mais de 2,5 milhões de cachorros vivam sem socialização, representando um grande problema para a saúde pública da cidade.