Em depoimento ontem (7) perante a Justiça Federal no Rio de Janeiro, o governador Luiz Fernando Pezão negou que tenham ocorrido irregularidades em projetos na época em que foi secretário de Obras do estado, durante a gestão de Sérgio Cabral.
Pezão foi arrolado como testemunha de defesa de Cabral, no processo em que o ex-governador, que está preso em Bangu 8, responde por corrupção, lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro nacional, dentro das investigações da Operação Calicute, um desdobramento da Lava-Jato.
O governador foi ouvido pelo juiz Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal.
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Pezão disse que solicitou uma inspeção por órgãos federais nas obras de sua gestão como secretário. "Quando começou a sair relatórios do TCE [Tribunal de Contas do Estado] com números fantasiosos, com números totalmente mentirosos, pedi uma inspeção especial ao ministro Torquato [Jardim, do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União], fui ao ministro das Cidades, o ministro Bruno [Araújo], fui à Caixa Econômica Federal, para realizarmos um grande debate sobre todas as obras que estavam levantando suspeitas."
O governador afirmou que não tem problema nenhum em debater, "assim como a gente debateu com o TCU [Tribunal de Contas da União] o Maracanã e depois foi aprovado, por unanimidade". Pezão disse que quer esclarecer os fatos – as conversas com os órgãos de controle começam na segunda-feira (10). "Debater com os nossos técnicos, quero que mostrem onde estão os erros e tudo, porque eu não sei."
Contado com União
Pezão explicou que foi escalado por Cabral para fazer o contato com o governo federal sobre as obras em andamento no estado. "O presidente Lula escalou a presidenta Dilma para realizarmos os projetos. Eu cuidava do trabalho de campo, cuidava da desburocratização desses recursos, que não são fáceis, e cuidava de vencer a burocracia dentro do TCE, do TCU [Tribunal de Contas da União]. Agora, se teve algum problema, a Justiça que vai julgar, a Justiça está vendo. Eu quero mostrar o período em que fui secretário de Obras, confio plenamente nas pessoas que estavam à frente desses órgãos, que foram para campo, que realizaram. Nós entregamos as obras."
Procurado pela reportagem, o Ministério da Transparência informou que não se pronunciará sobre a proposta do governador.
Perguntado sobre as investigações da Operação Quinto do Ouro, da Polícia Federal, que ouviu o secretário de Comunicação, Marcelo Amorim, e o secretário de Governo, Affonso Monnerat, nas investigações sobre suposto pagamento de propina para membros do TCE, Pezão defendeu seus colaboradores.
"Vou mantê-los [no governo], [o envolvimento deles] é um trecho pinçado de uma delação, não tem nada a ver. O Rio de Janeiro é o único estado que submete seus editais previamente ao Tribunal de Contas para correções, nós não corremos o risco de fazer licitações e depois ter exigências, e a licitação parar. A gente sempre adotou isso como um critério da Procuradoria. O Afonso era uma pessoa que centralizou [informações]. O conselheiro Jonas Lopes [delator do esquema], no início do meu segundo mandato, me pediu uma pessoa que centralizasse essas informações, porque são muitas secretarias, para não estar todos os secretários indo ao Tribunal de Contas do Estado."