Faz duas semanas que a população de Feijó não fala em outra coisa senão na notícia de que seu prefeito pode ter comandado, em 11 de abril passado, um dos maiores crimes ambientais da história do município.
A denúncia veio à tona no dia 26 de abril, quando o Instituto do Meio Ambiente do Acre (Imac) recebeu um telefonema anônimo informando que os ocupantes das embarcações do programa Saúde Itinerante, que era comandado no alto Rio Envira pelo prefeito Dindim Pinheiro, teriam escondidos 45 jabutis na casa de um ribeirinho e quatro na escola municipal do seringal Monte Verde, além de ter trazido outros 48 jabutis para a cidade.
No dia seguinte, agentes do Imac e policiais subiram o Envira para averiguar a denúncia. No local, o agricultor Antônio Lopes da Silva e a professora Maria de Nazaré Souza da Silva confessaram ter, de fato, excondido os jabutis em cativeiros. Um dos cativeiros estava na floresta, próximo à casa do agricultor, e o outro embaixo da escola. Além de entregarem os jabutis, os dois também afirmaram que o prefeito Pinheiro estava presente nos dois locais quando três funcionários da Prefeitura pediram para eles esconderem os jabutis até alguém ir pegar para levá-los à cidade.
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Casoo envolvimento do prefeito no tráfico de animais silvestres seja confirmado ele deve ser indiciado por crime ambiental, que implica na detenção de seis meses a um ano pelo artigo 29, da lei 9.605 e multa de R$ 500 por jabuti, pelo decreto 6.514.
Só os os 49 jabutis apreendidos nos esconderijos resultaram em multas no valor de R$ 24,5 mil. Considerando os outros 48 jabutis que as embarcações do prefeito e sua comitiva já teriam levado para distribuir na cidade, as multas devem chegar a R$ 48,5 mil. Além do prefeito, estariam envoividos também outros seis homens, entre eles um vereador, o irmão do vereador e um médico.
O delegado Alex Danni afirmou, em entrevista que ainda não concluiu a investigação. Quanto à presença do prefeito no local do crime, o delegado assinala que, como autoridade, "ele deveria ter comunicado os fatos às autoridades competentes". Na prática, o comportamento do prefeito poderá enquadrá-lo nos crimes de omissão e prevaricação, cujas penas são de um a quatro anos de detenção.
O chefe do Imac em Feijó, Luciano Muniz, informou que o tráfico de jabutis contribuiu para a deficiência alimentar das famílias de agricultores e ribeirinhos habitantes da floresta. Além disso, segundo Muniz, os membros da comitiva do prefeito podem ter aberto o caminho para a extinção da espécie de jabutis naquela região feijoense. (Fonte: RD Notícias)