A defesa do policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Careca, investigado na Operação Lava Jato, disse hoje (30) à Justiça Federal que não tinha conhecimento do conteúdo dos envelopes que ele entregava a mando do doleiro Alberto Youssef. Com base nas alegações, o agente pediu absolvição sumária ao juiz Sérgio Moro, responsável pelas investigações.
Em resposta à ação penal aberta contra o policial, os advogados alegam que ele não fazia parte de organização criminosa. Segundo os defensores de Careca, ele foi contratado pelo doleiro em 2012 para prestar serviços de segurança pessoal. Os advogados admitiram que Careca entregava documentos a mando de Youssef, mas afirmam que o policial não sabia do que se tratava. Careca foi preso na sétima fase da operação Lava Jato, deflagrada ano passado, e já está solto. O agente é acusado de entregar propina a políticos.
"Admite-se que, no período trabalhado, o denunciado Jayme possa eventualmente ter entregado algum valor a mando de Youssef, assim como fez com vinhos e outros documentos. Porém, em todas as oportunidades tratava-se de envelopes lacrados, e o denunciado tinha conhecimento do conteúdo, muito menos da quantidade de valores ou ao fim que se destinava", afirmou a defesa.
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As declarações dos defensores de Careca diferem do que ele disse em depoimento na Polícia Federal. De acordo com reportagem divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo no dia 8 de janeiro, o policial afirmou que foi enviado por Youssef a Belo Horizonte para entregar R$ 1 milhão. Segundo o agente, o dinheiro foi entregue em 2010, em uma casa da capital mineira, a uma pessoa que não se identificou. Conforme o policial, o doleiro disse que o dinheiro era para o então governador Antônio Anastasia.
Em nota divulgada após a publicação da reportagem, Anastasia disse que nunca se encontrou com o policial e que não conhece Alberto Youssef. "Em primeiro lugar, registro que não conheço este cidadão. Nunca estive ou falei com ele. Da mesma forma, não conheço, nunca estive ou falei com o doleiro Alberto Youssef. Em 2010, já como governador de Minas Gerais, não tinha qualquer relação com a Petrobras, que não tinha obras no estado, ademais do fato de eu ser governador de oposição ao governo federal", declarou.
Em petição encaminhada no último dia 13 à Justiça Federal, em Curitiba, o próprio doleiro Alberto Youssef negou que tivesse ordenado o envio de dinheiro para o senador eleito por Minas Gerais.
Por determinação do juiz Sérgio Moro, Jayme Alves foi afastado das funções de policial federal em novembro passado. Ele é réu em uma das ações penais da operação e não fez acordo de delação premiada.