A chegada do reforço de 800 para-quedistas do Exército para monitorar as entradas dos complexos da Penha (onde fica a Vila Cruzeiro) e do Alemão foi marcada por tiroteios em um dos acessos ao Alemão e por disparos contra militares vindos de outras favelas do complexo.
Num acesso ao bairro de Olaria, o tiroteio na noite de sexta-feira deixou pelo menos seis pessoas feridas: três mulheres, um fotógrafo da agência Reuters, um militar da Brigada Para-quedista do Exército e uma criança de dois anos, que foi atingida no braço por um tiro de fuzil dentro de casa.
Mais cedo, um tenente foi atingido por disparos vindos do Morro da Chatuba, uma das 15 favelas que compõem o Complexo do Alemão. Um traficante apontado como um dos chefes do tráfico no Alemão morreu.
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O fotógrafo da Reuters, Paulo Whitaker, foi atingido no ombro, e o militar levou tiros na perna. Na mesma região, traficantes do Morro da Baiana também dispararam contra os militares.
A pedido do governo do Estado, um efetivo do Exército foi deslocado para a região para oferecer apoio à Polícia Militar após a operação policial que conseguiu ocupar a Vila Cruzeiro, conhecida como um dos maiores redutos do tráfico no Rio, na quinta-feira.
Anistia Internacional
Enquanto o governo do Rio comemora o êxito da ação, a Anistia Internacional emitiu comunicado condenando o uso de violência e pedindo que a presidente eleita Dilma Rousseff lembre-se de sua promessa de ter a segurança pública como uma das prioridades de seu mandato.
A ONG de defesa dos direitos humanos conclama autoridades brasileiras a agir proporcionalmente e dentro das margens da lei em sua resposta onda de violência criminal que atingiu o Rio na última semana.
"Essa violência é totalmente inaceitável, mas a reposta policial levou risco às comunidades. Autoridades precisam assegurar que a segurança e o bem-estar da população como um todo venham em primeiro lugar em qualquer operação em áreas residenciais", diz Patrick Wilcken, especialista da Anistia Internacional para o Brasil.
O documento condenou as mais de 30 mortes ocorridas durante operações de combate ao tráfico, incluindo a de uma menina de 14 anos, atingida por uma bala perdida dentro de casa, na Vila Cruzeiro. E apontou que o conflito deixou 12 mil crianças sem aulas e impossibilitou milhares de moradores da zona Norte de irem para o trabalho.
De acordo com a Anistia Internacional, a polícia fluminense já matou mais de 500 pessoas neste ano em chamados "atos de resistência".
O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, disse que a operação realizada na favela quebrou um muro imposto pela guerra e que a estratégia de ocupar e consolidar territórios vai continuar.
"Surgiu uma oportunidade e nós não podamos perdê-la", afirmou ele nesta sexta-feira. "Na medida em que os traficantes saem do conforto de seu reduto, eles ficam vulneráveis e a polícia pode prendê-los com mais facilidade."